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| Foto: CHARGE/CLAYTON REBOUÇAS |
Em entrevista ao blog Sobral de Prima, Ciro chamou o ex-aliado de "picareta" e "cachorro mentiroso". “Na verdade você tem hoje uma indústria de picaretas, pagos aí pelos picaretas mor, Eunício Oliveira, infelizmente o próprio Tasso Jereissati ta nesse esquema, que mente que só cachorro, diariamente”, disse o pedetista, conforme os autos do processo.
Em sua defesa, Ciro Gomes alegou ter apenas exercido sua liberdade de expressão no caso, que teria ocorrido no contexto de uma disputa eleitoral entre ele e o emedebista. Disse ainda que a palavra "cachorro" não foi dita no sentido de imputação a Eunício, mas sim para destacar que o ex-senador mentiria reiteradamente.
O juiz do caso, no entanto, rejeitou a tese. “O debate político é normalmente pautado por eufemismo e exageros, mas o limite de toda manifestação é o respeito que deve ser considerado por todos os atores políticos em seu discurso”, diz.
“Neste sentido, associar o nome do promovente a uma indústria de picaretas, sem qualquer prova concreta, ultrapassa o limite dos bons modos e da liberdade de expressão, devendo ser reprimido por este Poder Judiciário. Comparar o promovente a um cachorro ou fazer qualquer tipo de piada neste sentido também não condiz com a educação necessária de um agente público no debate político”, continua a decisão.
Por fim, o magistrado destaca que, no caso, Ciro ultrapassou o limite da liberdade de expressão. “Levou o debate político para uma conversa que em nada acrescenta em termos de engrandecimento da sociedade. Como atores políticos devemos direcionar nosso discurso para críticas construtivas que de fato melhorem a sociedade e não descer ao nível de pessoas sem a mínima educação”, diz.
Briga antiga
As disputas entre Ciro e Eunício não são exatamente novidade na política cearense. Desde 2014, quando os dois líderes romperam politicamente na eleição de sucessão de Cid Gomes (PDT) no Governo do Ceará, os dois moveram quase 40 processos um contra o outro. O fato de Ciro aparecer como autor do processo, no entanto, costuma ser mais raro. Na maioria das vezes, foi Eunício quem processou o pedetista em ações por dano moral.
Em maio de 2021, o ex-ministro chegou inclusive a ser condenado a pagar R$ 100 mil ao emedebista por tê-lo chamado de "corrupto". O caso, no entanto, ainda tem recursos em julgamento. Outros processos envolvem ataques e acusações diversas partindo de Ciro, desde "lambanceiro" a "pinotralha" - "uma mistura de pinóquio com irmão metralha", explica -, e ainda estão em tramitação da Justiça do Ceará. Em vários deles, Ciro também obteve vitórias, com Eunício sendo condenado a pagar honorários e despesas processuais.
O pov