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quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Bolsonaro prova invasão a sistema do TSE e toca fogo no circo

 

Depois do assédio judicial, desferido por diferentes tribunais, mas com os mesmos personagens, Bolsonaro toca fogo no circo. Disse que o STF está agindo fora das quatro linhas da Constituição e que o antídoto para para tal disparate poderia vir também fora do âmbito constitucional. Se desviando da guerra institucional, centrou o fogo no Barroso.

Em entrevista à Jovem Pan, concedido em conjunto com o relator da PEC do Voto Impresso, deputado Filipe Barros (PSL-PR), mostrou documentos que comprovam a invasão de um hacker ao sistema do TSE, durante quatro meses. Os documentos fazem parte de um inquérito da Polícia Federal, sob sigilo.

As provas foram conseguidas pelo deputado Filipe Barros, relator da PEC 135. Cai por terra a arrogância do iluminado ministro do STF e presidente do TSE, L. R. Barroso, segundo o qual o sistema seria inviolável, indevassável, inexpugnável. Quando o ministro vocalizou esta fack news, ele já sabia da existência do inquérito.

Prova mais uma coisa. Que o sistema não tem como detectar se estar sendo atacado. O tribunal só tomou conhecimento a partir de uma matéria publicada no site TecMundo, quando um repórter pediu que a corte se posicionasse sobre o assunto. Enquanto invadido, o sistema não operou qualquer defesa.

Segundo a matéria, “hackers alegaram que tiveram sucesso ao entrar na intranet do TSE e obter informações privilegiadas e confidenciais, como troca de emails, envio de senhas para juízes, credenciais de acesso etc.” Note para esse trecho da matéria em que o invasor diz ter sido, enfim, detectado, mas continuou tendo acesso:

"Passadas algumas semanas em que estive utilizando os equipamentos de rede do TSE, notei via emails dos técnicos da STI que os mesmos notaram tráfego suspeito (porque utilizei programas de scan na rede). Fizeram uma perícia para detalhar como o invasor conseguiu obter acesso ilegal à rede, mas mesmo com todos estes procedimentos de segurança que adotaram, incluindo a alteração de senhas de todas as contas, acabou não sendo suficiente para interromper meu acesso aos emails e também para a rede interna."

Depois que um cidadão fez a denúncia, baseado nesta reportagem, o tribunal solicitou à PF a abertura de inquérito. Em relatório ao delegado, TSE confirmou todos os dados das declarações do hacker à revista.

O inquérito não foi conclusivo sobre a existência de fraude, mas restou comprovado que o sistema foi invadido. Além do mais, uma estranheza: o registro dos logs, que mapeia cada passo do invasor no sistema, foi apagado, impedindo avaliação mais precisa sobre as atividades do hacker.

O resultado do inquérito, não fosse a ação do deputado Filipe Barros, tenderia a ficar sem o conhecimento da sociedade. Diante das estranhezas e da falta de medidas da corte eleitoral em relação aos fatos, o deputado Eduardo Bolsonaro já iniciou a coleta de assinatura para instalação da CPI da Urnas, ou a CPI do TSE.

Se alguém imaginava que o presidente se deixaria intimidar com o tiroteio dos togados, com explícitas ameaças de inelegibilidade, perdeu a aposta. Bolsonaro mantém o fogo aceso e aumenta a temperatura nas tensões políticas. Haja bombeiros. Ciro Nogueira até que tentou evitar o incêndio, agora cabe-lhe debelar e segurar Bolsonaro, o incendiário.

TSE tenta desmentir Bolsonaro com a seguinte nota:

Em referência ao inquérito da Polícia Federal que apura ataque ao seu sistema interno, ocorrido em 2018, o Tribunal Superior Eleitoral esclarece que:

1. O episódio de 2018 foi divulgado à época em veículos de comunicação diversos. Embora objeto de inquérito sigiloso, não se trata de informação nova.

2. O acesso indevido, objeto de investigação, não representou qualquer risco à integridade das eleições de 2018. Isso porque o código-fonte dos programas utilizados passa por sucessivas verificações e testes, aptos a identificar qualquer alteração ou manipulação. Nada de anormal ocorreu.

3. Cabe acrescentar que o código-fonte é acessível, a todo o tempo, aos partidos políticos, à OAB, à Polícia Federal e a outras entidades que participam do processo. Uma vez assinado digitalmente e lacrado, não existe a possibilidade de adulteração. O programa simplesmente não roda se vier a ser modificado.

4. Cabe reiterar que as urnas eletrônicas jamais entram em rede. Por não serem conectadas à internet, não são passíveis de acesso remoto, o que impede qualquer tipo de interferência externa no processo de votação e de apuração. Por essa razão, é possível afirmar, com margem de certeza, que a invasão investigada não teve qualquer impacto sobre o resultado das eleições.

5. O próprio TSE encaminhou à Polícia Federal as informações necessárias à apuração dos fatos e prestou as informações disponíveis. A investigação corre de forma sigilosa e nunca se comunicou ao TSE qualquer elemento indicativo de fraude.

6. De 2018 para cá, o cenário mundial de cybersegurança se alterou, sendo que novos cuidados e camadas de proteção foram introduzidos para aumentar a segurança de todos os sistemas informatizados.”

Fonte: Luciano Clever / Sistema Paraíso