Há 3 anos, no dia 5 de outubro de 2017, o Brasil perdia Heley Abreu Batista, de 43 anos: uma verdadeira heroína.
Ao tentar salvar seus alunos e lutar contra o vigilante Damião Soares dos Santos, de 50, que ateou fogo na creche Gente Inocente em Janaúba, no Norte de Minas, ela sacrificou a própria vida em defesa das crianças e, com isso, impediu que a tragédia que chocou o Brasil e o mundo fosse ainda maior.
O autor da agressão também morreu. O corpo de Heley foi enterrado em Janaúba, com o velório sendo acompanhado por centenas de pessoas. O corpo foi traslado até o cemitério em um carro aberto do Corpo de Bombeiros e enterrado sob aplausos. Ela deixou três filhos: Breno, de 15, Lívia, de 12; e o bebê Olavo, de um ano e três meses.
Uma profissional dedicada, cujo empenho transcendia o salário de cerca de R$ 1,5 mil como professora municipal em Janaúba. Esse é o perfil de Heley Abreu, que, devido à sua bravura e coragem, ganhou o noticiário do Brasil inteiro pelo esforço que desempenhou na tentativa de salvar as crianças do incêndio na creche, o que acabou levando à perda de sua vida. Continua depois da publicidade
Heley foi uma pessoa marcada pela superação. Integrante de uma família de três irmãos, ela nasceu em Montes Claros (cidade polo do Norte de Minas) e, ainda na juventude, mudou-se para Janaúba, onde o pai, João Rodrigues da Silva (já falecido), arrumou um emprego numa loja de móveis. Com pouco mais de 20 anos, casou-se com Luiz Carlos Batista. Ainda na juventude, experimentou uma grande tragédia pessoal. Durante uma festa de carnaval, foi com a família para um clube no balneário Bico da Pedra, onde o primeiro filho dela, Pablo, de 5, morreu afogado na piscina do clube. “Foi muito difícil. Todo mundo da família ficou muito chocado. O meu cunhado até pensou em fazer uma besteira. Mas a Helly superou”, relembra o serralheiro Paulo Rogério Abreu, irmão da professora heroína.
Com a perda da irmã, Paulo Rogério ficou desconsolado. “Não tem o que falar. Não tenho palavras para dizer, (a morte de Helley) é uma coisa muito trágica. Ninguém esperava que pudesse acontecer. Ela também não merecia uma coisa dessa. Ela era realmente muito dedicada à família e ao trabalho”, disse.
DEDICAÇÃO
Formada em pedagogia, Heley começou a trabalhar há alguns anos como professora municipal em Nova Porteirinha, separada de Janaúba pelo Rio Gorutuba. Inicialmente, trabalhou na zona rural, numa comunidade chamada Dengoso. Depois, trabalhou na Escola Estadual Luzia Mendes, no Bairro Dente Grande, área de baixa renda de Janaúba. No ano passado, começou o serviço na creche Gente Inocente, no Bairro Rio Novo, em Janaúba, fazendo aquilo de que mais gostava: dedicar-se às crianças. Morava em Nova Porteirinha e todos os dias atravessava a ponte sobre o Rio Gorutuba para cuidar de “suas crianças”, como as considerava. Não gostava de faltar ao trabalho. Também fez curso de especialização na área educacional, buscando conhecimento na área da inclusão de pessoas com deficiências.
Com informações do Estado de Minas e Correio Braziliense.