-->

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Há 3 anos, professora Heley de Abreu dava a vida para salvar os alunos de uma creche em Minas Gerais

 Há 3 anos, no dia 5 de outubro de 2017, o Brasil perdia He­l­ey Abreu Ba­tis­ta, de 43 anos: uma ver­da­dei­ra heroína.

Ao ten­tar sal­var seus alu­nos e lu­tar con­tra o vi­gi­lan­te Da­mi­ão So­a­res dos San­tos, de 50, que ateou fo­go na cre­che Gen­te Ino­cen­te em Ja­naú­ba, no Nor­te de Mi­nas, ela sa­cri­fi­cou a pró­pria vi­da em de­fe­sa das cri­an­ças e, com is­so, im­pe­diu que a tra­gé­dia que cho­cou o Bra­sil e o mun­do fos­se ain­da maior.

O au­tor da agres­são tam­bém morreu. O cor­po de He­l­ey foi en­ter­ra­do em Ja­naú­ba, com o ve­ló­rio sen­do acom­pa­nha­do por cen­te­nas de pessoas. O cor­po foi tras­la­do até o ce­mi­té­rio em um car­ro aber­to do Cor­po de Bom­bei­ros e en­ter­ra­do sob aplausos. Ela dei­xou três fi­lhos: Bre­no, de 15, Lí­via, de 12; e o be­bê Ola­vo, de um ano e três meses.

Uma pro­fis­si­o­nal de­di­ca­da, cu­jo em­pe­nho trans­cen­dia o sa­lá­rio de cer­ca de R$ 1,5 mil co­mo pro­fes­so­ra mu­ni­ci­pal em Janaúba. Es­se é o per­fil de He­l­ey Abreu, que, de­vi­do à sua bra­vu­ra e co­ra­gem, ga­nhou o no­ti­ci­á­rio do Bra­sil in­tei­ro pe­lo es­for­ço que de­sem­pe­nhou na ten­ta­ti­va de sal­var as cri­an­ças do in­cên­dio na cre­che, o que aca­bou le­van­do à per­da de sua vida. Continua depois da publicidade

He­l­ey foi uma pes­soa mar­ca­da pe­la superação. In­te­gran­te de uma fa­mí­lia de três ir­mã­os, ela nas­ceu em Mon­tes Cla­ros (ci­da­de po­lo do Nor­te de Mi­nas) e, ain­da na ju­ven­tu­de, mu­dou-se pa­ra Ja­naú­ba, on­de o pai, Jo­ão Ro­dri­gues da Sil­va (já fa­le­ci­do), ar­ru­mou um em­pre­go nu­ma lo­ja de móveis. Com pou­co mais de 20 anos, ca­sou-se com Lu­iz Car­los Batista. Ain­da na ju­ven­tu­de, ex­pe­ri­men­tou uma gran­de tra­gé­dia pessoal. Du­ran­te uma fes­ta de car­na­val, foi com a fa­mí­lia pa­ra um clu­be no bal­ne­á­rio Bi­co da Pe­dra, on­de o pri­mei­ro fi­lho de­la, Pa­blo, de 5, mor­reu afo­ga­do na pis­ci­na do clube. “Foi mui­to difícil. To­do mun­do da fa­mí­lia fi­cou mui­to chocado. O meu cu­nha­do até pen­sou em fa­zer uma bes­tei­ra. Mas a He­lly su­pe­rou”, re­lem­bra o ser­ra­lhei­ro Pau­lo Ro­gé­rio Abreu, ir­mão da pro­fes­so­ra heroína.

Com a per­da da ir­mã, Pau­lo Ro­gé­rio fi­cou desconsolado. “Não tem o que falar. Não te­nho pa­la­vras pa­ra di­zer, (a mor­te de He­l­ley) é uma coi­sa mui­to trágica. Nin­guém es­pe­ra­va que pu­des­se acontecer. Ela tam­bém não me­re­cia uma coi­sa dessa. Ela era re­al­men­te mui­to de­di­ca­da à fa­mí­lia e ao tra­ba­lho”, dis­se.

DE­DI­CA­Ç­ÃO 

For­ma­da em pe­da­go­gia, He­l­ey co­me­çou a tra­ba­lhar há al­guns anos co­mo pro­fes­so­ra mu­ni­ci­pal em No­va Por­tei­ri­nha, se­pa­ra­da de Ja­naú­ba pe­lo Rio Gorutuba. Ini­ci­al­men­te, tra­ba­lhou na zo­na ru­ral, nu­ma co­mu­ni­da­de cha­ma­da Dengoso. De­pois, tra­ba­lhou na Es­co­la Es­ta­du­al Lu­zia Men­des, no Bair­ro Den­te Gran­de, área de bai­xa ren­da de Janaúba. No ano pas­sa­do, co­me­çou o ser­vi­ço na cre­che Gen­te Ino­cen­te, no Bair­ro Rio No­vo, em Ja­naú­ba, fa­zen­do aqui­lo de que mais gos­ta­va: de­di­car-se às crianças. Mo­ra­va em No­va Por­tei­ri­nha e to­dos os di­as atra­ves­sa­va a pon­te so­bre o Rio Go­ru­tu­ba pa­ra cui­dar de “su­as cri­an­ças”, co­mo as considerava. Não gos­ta­va de fal­tar ao trabalho. Tam­bém fez cur­so de es­pe­ci­aliza­ção na área edu­ca­ci­o­nal, bus­can­do co­nhe­ci­men­to na área da in­clu­são de pes­so­as com deficiências.

Com informações do Estado de Minas e Correio Braziliense.