Dois anos depois da morte de dois advogados criminalistas na cidade de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), os autores ainda permanecem impunes e os crimes poderão permanecer definitivamente sem elucidação completa. Na época, as execuções sumárias foram atribuídas a membros de uma facção criminosa que teve seu chefe morto, há uma semana, durante uma operação policial no Rio de Janeiro. Darlan Alban Batista Guerra, o traficante de drogas e homicida que comandava a quadrilha, morreu sem ser punido na Justiça pelos seus crimes.
A primeira vítima assassinada foi o advogado criminalista, ex-policial civil e ex-vereador de Caucaia, Francisco Erivaldo Rodrigues, que, na época do crime, tinha 53 anos de idade. Ele foi executado sumariamente a tiros de pistola dentro do seu escritório, no bairro Novo Pabussu, no dia 10 de julho de 2018.
O segundo assassinato ocorreu uma semana depois do primeiro, exatamente no dia 17 de julho de 2020, tendo como vítima o também advogado criminalista Renato Jorge Rocha Bezerra Filho, que tinha 35 anos na época em que foi morto.
O corpo de Renato foi encontrado, com as mãos amarradas e vários tiros, no bairro Parque Soledade, também em Caucaia.
Guerra de facções
Na época, a Polícia trabalhou com a hipótese de que os advogados foram mortos porque trabalhavam na defesa de pessoas que seriam integrantes da facção rival à de Darlan Alban Batista Guerra. Já naquele ano, Darlan e seus comparsas começavam a dominar o território da venda de drogas e armas em alguns bairros da cidade de Caucaia, o que, posteriormente, deu origem à guerra do Comando Vermelho (CV) com a Guardiões do Estado (GDE).
Com armas, drogas, munições, dinheiro e disposição para enfrentar seus inimigos do crime e fugir das ações da Polícia, Darlan Alban matou e mandou matar várias pessoas em Caucaia, entre elas, seu próprio cunhado. Já nos últimos meses de vida, teria organizado uma novo “braço” do CV naquela cidade, que foi batizado de “Comando da Laje”, quadrilha que passou a dominar diversos bairros de Caucaia, como Cigana, Padre Júlio Maria e Itambé I e II.
Os dois advogados foram mortos de forma cruel e sem nenhuma chance de defesa, conforme consta nos autos dos processos que tramitaram no Fórum da Comarca de Caucaia. Alguns suspeitos dos crimes chegaram a ser presos e processados, mas o chefe da quadrilha responsável pelos assassinatos permaneceu impune até ser morto, na semana passada.
O criminoso, também chamado de “Dente de Ouro”, acabou morrendo numa troca de tiros com policiais civis do Rio de Janeiro na última sexta-feira (31), numa operação realizada por agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e do Departamento de Recursos Especiais (Decore) no bairro Gardênia Azul, na região de Jacarepaguá, zona Norte do Rio de Janeiro. Há uma semana ele havia fugido do Ceará juntamente com a mulher, em um carro importado com placas de Caucaia (CE).
Cabeça a prêmio
Caçado diuturnamente pela Polícia cearense e com a “cabeça a prêmio” através de uma recompensa de R$ 10 mil, oferecida pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para quem revelasse o seu paradeiro, Darlan fugiu misteriosamente do Ceará e recebeu no Rio de Janeiro a acolhida e proteção da cúpula do Comando Vermelho (CV).
(Blog do Fernando Ribeiro)