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sábado, 16 de maio de 2020

Médico intensivista do Ceará alerta para falta de profissionais para UTIs

No estado do Ceará, o número de leitos de UTIs cresceu em 65,8% desde o início da pandemia. Especialista aponta uma provável insuficiência de profissionais intensivistas.
O presidente da Sociedade Cearense de Terapia Intensiva (Soceti), Zilfran Carneiro Teixeira, diante da crescente demanda, afirma: “Infelizmente vai chegar um momento em que a gente não vai ter mais profissionais para as UTIs que estão abrindo. A única saída que eu vejo, na realidade, é tentar achatar a curva, porque estamos chegando num limite em termos de abertura de leito.”

Segundo dados da Secretaria da Saúde do Ceará, desde março foram abertos 1.521 leitos de enfermaria e 481 de UTI, somando assim um acréscimo de 65,8% no número de UTIs disponíveis para o Sistema Único de Saúde (SUS) no Ceará.

Em 2019 o estado do Ceará tinha um índice de 126 médicos por 100 mil habitantes. O dado é acima dos 80 preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mas é o sexto mais baixo do País, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para atender a necessidade dos leitos recém-criados, a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará afirma ter planejado “contratações de horas de plantões, o equivalente a 600 profissionais de saúde”, sem aferir o número de médicos dentre os profissionais.

“Em relação à terapia intensiva, isso é ainda mais complicado. Já não era um número suficiente antes (da pandemia). Todo médico que faz residência em medicina intensiva hoje, ele termina já com uma demanda muito grande de trabalho. E agora, com os hospitais lotados, criando mais leitos de UTI, a gente roda hospital público e privado e vê praticamente os mesmos colegas. Está todo mundo sobrecarregado”, afirma Zilfran.

Defendendo a importância dos leitos criados, inclusive nos hospitais de campanha, como forma de desafogar o sistema, devido ao número de paciente e ao tempo de permanência deles nos leitos, Zilfran indica que há ainda um outro gargalo: a contaminação da equipes de saúde, e o consequente afastamento. Isso faz com que as equipes tenham que ajustar horários e cobrir turnos de plantões intensos, enquanto os colegas se recuperam.

(Sobral Post)