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domingo, 26 de janeiro de 2020

Doença misteriosa se alastra em penitenciária onde presos estão sendo "comidos vivos"


Mais de 20 presos da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), em Boa Vista, estão contaminados por uma doença infecciosa desconhecida que provoca feridas na pele, informou o presidente da Comissão do Direitos Humanos da OAB Roraima, Hélio Abozaglo, ao G1 no domingo (19). 


O caso foi confirmado após uma visita da comissão ao Hospital Geral de Roraima (HGR), na sexta-feira (17). Durante a inspeção, foram contabilizados 14 presos nos corredores e 10 na enfermaria. Os homens deram entrada na unidade do início deste mês. 

Segundo Abozaglo, alguns dos detentos estão com tuberculose e outros com suspeita de hepatite, mas ainda não há informações sobre a origem da doença de pele. Ele afirma que alguns não conseguem andar por conta de inchaço nas articulações.

“É deprimente. Um dos presos estava com ferimento no pé em carne viva e relatou que se sentiu como algo estivesse corroendo ele por dentro”, disse. 

Ainda de acordo com presidente da comissão, os presos relataram que começaram a sentir os sintomas no corpo após tomarem uma água com mau cheiro e gosto ruim, mas não soube informar quando ocorreu. 

O presídio que está superlotado com mais de 2,2 mil presos foi palco do massacre de mais de 30 detentos em janeiro de 2017. Atualmente, está sob atuação da Força-tarefa de Intervenção Penitenciária, decretada desde o final de 2018.

Em agosto de 2019, 18 presidiários foram levados ao HGR após apresentarem enfermidades como sarna, tuberculose e furúnculos, causadas pela superlotação da Pamc, informou o Sindicato dos Agentes Penitenciários de Roraima (Sindape-RR). 

A última visita da comissão à Pamc foi realizada em outubro do ano passado quando foi constatada a doença, porém em menor gravidade. Abozaglo informou que na época enviou um relatório ao conselho federal, relatando a superlotação da unidade e o surto de doenças. 

“A parte de saúde da penitenciária é deficitária, não tem medicamento. A situação é muito precária e o presos não têm condições de cumprirem a pena”, comentou. 

Em razão do agravamento da doença ele afirmou que um novo documento está sendo elaborado deve ser entregue às secretarias de Saúde (Sesau), Justiça e Cidadania (Sejuc), Casa Civil e para juíza da vara de execução penal para realização das medidas cabíveis. Uma nova visita a unidade prisional deve ser realizada ainda esta semana. 

Por meio do Twitter, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos já tem conhecimento da situação e disse que acompanha o caso. 

“Vamos acompanhar e fazer o possível para que as autoridade olhem com mais atenção [para os presos]. Se o HGR não tem condições de detectar que tipo de enfermidade estão atacando essas pessoas, que o material seja enviado para fora para fazer os exames e possa se tomar as providências corretas”, declarou. 

Preso teve a mão enfaixado devido os ferimentos — Foto: Arquivo pessoal Em nota, a Sesau informou que há 12 detendos em tratamento no HGR e cinco deles foram diagnosticados com tuberculose, sendo que já estavam em tratamento há três meses. 

Outro preso foi diagnosticado com escabiose, que gerou uma infecção secundária nas mãos após coçar a região. O paciente está fazendo tratamento com antibiótico e apresenta uma regressão considerada muito boa. 

Já os demais passaram por atendimento de infectologista e dermatologista e estão recebendo tratamento e apresentam melhoras. 

As informações são do portal G1/RR