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terça-feira, 30 de julho de 2019

Rebelião de presos em Altamira termina no maior massacre do ano

Por Redação, 23:00 / 29 de Julho de 2019
Centro de Recuperação de Altamira, no Pará, foi palco de briga entre facções rivais que resultou em, pelo, menos 57 mortos
Centro de Recuperação Regional de Altamira foi palco de uma sangrenta briga entre facções em Altamira, sudoeste do Pará
Foto: Folhapress

Um massacre, o maior do ano, foi registrado em um presídio no Pará. No Centro de Recuperação Regional de Altamira, no sudoeste do Estado, detentos fizeram, nesta segunda-feira uma rebelião e iniciaram uma briga entre facções, na qual morreram 57 internos - 16 decapitados.

O motim começou por volta das 7h e terminou antes do meio-dia. "Foi uma briga entre grupos rivais. Dois agentes penitenciários foram feitos reféns, mas já foram liberados", informou a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe).


Os confrontos começaram quando duas pessoas detidas em uma ala reservada para membros de uma das facções invadiram a área do grupo rival e causaram um incêndio.

"É provável que muitos presos tenham morrido sufocados", acrescentou a Susipe.

Um vídeo que circulou nas redes sociais, reproduzido pela imprensa, mostra seis cabeças amontoadas ao lado de um muro. Em seguida, um prisioneiro se aproxima e rola uma cabeça com o pé, como se fosse uma bola de futebol.

Em outro vídeo é possível ver corpos queimados em um telhado de onde emana uma fumaça escura e grossa, enquanto presos armados com facões vagam pelo local.

O local estava superlotado. Segundo as autoridades carcerárias, a prisão de Altamira tem capacidade para receber 200 presos, mas abrigava mais de 300. Em setembro de 2018, sete prisioneiros foram mortos em outro motim, atribuído a uma tentativa de fuga do mesmo estabelecimento.

Rota da cocaína

O Brasil, com 727 mil detentos, tem a 3ª maior população carcerária do mundo, mas conta apenas com 368 mil vagas nos presídios. Em maio passado, 55 presos morreram em outro confronto que durou dois dias entre organizações criminosas adversárias em prisões do Amazonas.

Em 2018, uma onda de rebeliões nos estados do Norte e Nordeste, com mais de 100 mortos, muitos assassinados de formas atrozes, atingiu o País e foi atribuída a rivalidades entre grupos pelo controle das rotas do tráfico de cocaína. As autoridades e especialistas atribuem esses massacres à luta pelo controle das rotas de cocaína da Bolívia, Peru e Colômbia, os três maiores produtores da droga.

Altamira, que fica a cerca de 800 km de Belém, está situada numa região que enfrenta sérios problemas de desmatamento e conflitos de terra entre tribos nativas com madeireiros e grupos que invadem seus territórios para praticar atividades agrícolas.

A cidade, de 110 mil habitantes, teve um forte crescimento demográfico após o lançamento em 2010 da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, que deve ser concluída até o fim do ano. A usina inclui uma barragem que será a terceira maior do mundo, cuja construção exigiu o deslocamento de dezenas de milhares de ribeirinhos do Rio Xingu, um afluente do Amazonas.

Transferência de líderes de facções

O ministro da Justiça, Sergio Moro, conversou, nesta segunda-feira, com o governador do Pará, Helder Barbalho, e se comprometeu a transferir para presídios federais líderes de facções responsáveis pelas mortes no Centro de Recuperação Regional de Altamira.

O ministro pediu que sejam identificados os líderes das facções para providenciar a transferência a presídios federais. O massacre em Altamira foi motivado por uma briga entre as facções Comando Classe A (CCA) e Comando Vermelho (CV).

Red; DN

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