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quinta-feira, 28 de março de 2019

Moradores ilhados bloqueiam rodovia de Missão Velha

Moradores formaram barricadas de pneus e colocaram fogo. (Foto: Mariana Barros)
Cerca de 500 pessoas bloquearam a CE-293, no distrito de Jamacaru, em Missão Velha, formando barricadas com pneus em chamas, na manhã desta quinta-feira (28). A manifestação, que começou a partir das 5h, foi motivada pelas péssimas condições que se encontra a estrada que dá acesso aos sítios Pau D’Arco e Olho D’Água de Fora. Os moradores acreditam que sua inviabilidade foi causada pelas obras do Cinturão das Águas do Ceará (CAC).

Os manifestantes impediram a passagem de veículos nos dois sentidos da rodovia, em frente ao canteiro de obras da empresa S/A Paulista de Construções e Comércio, responsável pela etapa do CAC que atinge aquela localidade. A Polícia Militar foi ao local e as pessoas acabaram se dispersando. O bloqueio durou cinco horas.

Segundo os manifestantes, há pelo menos três dias, se formou uma alta camada de lama na estrada, que fica vizinha ao canal do CAC, após o excesso de água escorrer da estrutura. Na manhã de ontem, uma caminhonete que fazia o transporte de alunos ficou atolada e um trator da própria empresa que executa as obras foi responsáveis por “guinchar” o veículo. O Olho D’Água possui aproximadamente 200 famílias, já o Pau D’Arco tem cerca 120 famílias.

Cerca de 500 manifestantes protestaram contra condições da estrada. (Foto: Mariana Barros)

A professora Karina Cruz conta que muitos moradores estão ilhados, alunos estão perdendo aulas e  agricultores não estão escoando suas mercadores. “Não tem como a gente passar. A lama tá dando na canela. Os pneus dos carros ficam atolados”, descreve.

“A comunidade nunca falou sobre a necessidade da estrada. Não houve diálogo. Vieram logo bloqueando a pista”, rebateu um funcionário do consórcio responsável pela obra que não quis se identificar.

Isso não é a primeira vez que os moradores daquelas localidades reclamam das obras do CAC. Na última ocasião, a população cobrou que diminuíssem a poeira provocada pelas máquinas na estrada. A empresa responsável disponibilizou caminhões pipas para minimizar este transtorno.

A Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRH) enviou técnicos para averiguar a situação. Através de sua assessoria, informou que mediou uma conversa entre a S/A Paulista e os moradores. Apesar de não confirmar que os estragos foram causados pela obra, a empresa se comprometeu em fazer o reparo do trecho de aproximadamente 1 km.

Uma comissão foi formada pelos moradores e agendou uma reunião para a próxima quarta-feira (03) com a própria empresa.

Lá, estão sendo realizadas as obras do Lote 02 do CAC, que tem avanço físico de mais 90%. Esta etapa faz parte do Trecho 01, que vai de Jati a Nova Olinda. Seu objetivo é perenizar os rios e garantir a segurança hídrica da população cearense. Ali, passa o chamado “eixo emergencial”, que conduzirá as águas do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) até o Açude Castanhão, que abastece a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Red; DN