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sábado, 21 de julho de 2018

Traficante do PCC na fronteira do País é preso no CE


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O suspeito foi detido dentro de um motel, com amigos, e disse que estava no Crato para curtir um festival

Adriano Moreira Silva, o ‘Adriano Mombaça’, 37, é natural da cidade paulista de Ferraz de Vasconcelos
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O preso foi levado à sede da PF em Juazeiro do Norte ( Foto: Antônio Rodrigues )
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‘Adriano Mombaça’ foi investigado na ‘Operação Nevada’, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em junho de 2016, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas
Um homem apontado como traficante internacional ligado à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e foragido da Justiça Federal foi preso em um motel no Município do Crato (a aproximadamente 500Km de distância de Fortaleza), na tarde da última sexta-feira (20), em uma operação da Polícia Federal (PF), com apoio da Polícia Militar (PM). Esta não é a primeira vez que membros da facção paulista com notoriedade nacional são descobertos no Ceará, neste ano.

A reportagem apurou com fontes da Polícia, que Adriano Moreira Silva, conhecido como ‘Adriano Mombaça’, de 37 anos e natural da cidade paulista de Ferraz de Vasconcelos, estava dentro de um motel, no bairro São José, na companhia de cinco amigos (dois homens e três mulheres), no momento em que os policiais federais e militares realizaram a abordagem.

Com o grupo, foram apreendidos uma pistola roubada da Polícia Federal no ano de 2012 e um veículo. Adriano estava sem documentos, mas foi identificado pelas equipes. Não houve reação por parte do suspeito. PMs da Força Tática (FT) e do Batalhão de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) deram apoio à ofensiva dos federais, devido a periculosidade do homem apontado como traficante internacional.

Os seis suspeitos foram conduzidos ao prédio da Polícia Federal em Juazeiro do Norte. No depoimento, eles alegaram que vieram ao Ceará para um festival cultural que acontece no Crato neste fim de semana. Conforme policiais ouvidos pela reportagem, ‘Adriano Mombaça’ teria esse apelido por ter familiares naturais do Município cearense que leva este nome. Ele e os amigos também afirmaram que estavam em um motel porque todos os hotéis e pousadas do Crato estavam lotados.

Adriano era foragido da Justiça Federal há cerca de dois anos e foi colocado atrás das grades na tarde da última sexta-feira (20). Contra ele, havia um mandado de prisão em aberto, expedido pela 3ª Vara Criminal da Justiça Federal no Mato Grosso do Sul, em 2016. A prisão foi confirmada pela Superintendência Regional da Polícia Federal no Ceará.

O advogado Alexandre Franzoloso (OAB-MS), representante de Adriano, afirmou que não tinha conhecimento sobre a prisão do cliente e disse que se pronunciaria somente após receber todas as informações. Questionado sobre a acusação de que o seu cliente é um membro do PCC, o defensor se negou a responder.

As cinco pessoas que acompanhavam o foragido prestaram depoimento à PF e, segundo um policial federal, seriam liberadas em seguida, pois não havia nada contra elas.

‘Operação Nevada’

Adriano Moreira Silva foi investigado na ‘Operação Nevada’, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em junho de 2016, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas e na lavagem de dinheiro. Na época, os policiais federais cumpriram 105 mandados judiciais, no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo.

De acordo com a PF, a quadrilha trazia cocaína da Bolívia para o Brasil, por meio da zona rural de Porto Murtinho (MS). Em seguida, a droga era deixada em fazendas da região e transportadas em caminhões e caminhonetes, para destinatários em São Paulo – o berço do PCC. Durante a Operação, a Polícia Federal prendeu oito suspeitos em flagrante e apreendeu aproximadamente 778 kg de cocaína, 2,2 milhões de dólares, R$ 38 mil, três armas de fogo e munições de fuzil calibre 5.56.

Três irmãos coordenavam o núcleo do PCC. A lavagem de dinheiro, da venda da droga, era realizada por um ‘testa de ferro’, proprietário de uma loja de compra e venda de veículos, em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. A investigação detectou a compra de imóveis que valem mais de R$ 5 milhões e a aquisição de vários veículos de luxo, alguns avaliados em mais de R$ 400 mil.

A Operação resultou em um processo com 26 réus, incluindo ‘Adriano Mombaça’. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou a quadrilha pelos crimes de lavagem de capitais, associação criminosa, associação para o tráfico internacional de drogas, tráfico internacional de drogas e porte de arma de fogo.

Facção no Ceará

De início, fontes da PM chegaram a afirmar que ‘Adriano Mombaça’ era suspeito de participar dos assassinatos dos membros da cúpula do PCC, Rogério Jeremias de Simone, o ‘Gegê do Mangue’, e Fabiano Alves de Souza, o ‘Paca’, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), em fevereiro deste ano.

Contudo, horas após a prisão de Adriano, fontes ligadas à inteligência da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS)negaram o envolvimento do foragido com o duplo homicídio. Apesar de não haver comprovação acerca de uma proximidade entre os três criminosos vinculados ao PCC, a detenção mostra que os integrantes da facção paulista permanecem presentes no Ceará, transitando, inclusive, pelo Interior.

A presença de ‘Gegê do Mangue’ e ‘Paca’ no Estado só foi descoberta pelas autoridades policiais após o crime cinematográfico. As investigações do caso apontaram que as lideranças do PCC adquiriram diversos imóveis e veículos de luxo e levavam uma vida de ostentação, no Ceará.

Poucos dias após as execuções de ‘Gegê’ e ‘Paca’, um outro membro da organização criminosa paulista foi encontrado em território cearense. O mineiro Claudiney Rodrigues de Souza, o ‘Cláudio Boy’, foi preso pela Polícia Federal quando tentava desembarcar de um voo, em São Paulo, que havia partido de Fortaleza horas antes. O Diário do Nordeste apurou que ele residia na capital cearense há pelo menos quatro anos e circulava entre a elite local. Claudiney também era procurado pela Interpol. (Colaborou Antônio Rodrigues)

Red; DN