Até o próximo dia 6, os deputados podem mudar de sigla. No dia 7 todos os candidatos terão de estar filiados
O troca-troca de legendas entre deputados estaduais, durante a "janela partidária" - período que se encerra na próxima sexta-feira (6) para os candidatos - está esvaziando algumas siglas no Estado e deixando-as sem representação na Assembleia Legislativa. Além do interesse direto de alguns parlamentares, divergências internas nessas agremiações são as principais razões do esvaziamento.
O Partido Socialista Brasileiro (PSB), o Partido da República (PR), o Partido Humanista da Solidariedade (PHS) e o Partido da Mulher Brasileira (PMB) correm o risco de não mais existirem no Legislativo Estadual até o início da próxima legislatura, em fevereiro do próximo ano, visto que alguns de seus poucos membros já embarcaram em novas legendas ou estão de "malas prontas" para isto. Alguns desses partidos, inclusive, estão sem comando no Estado.
É o caso do PHS, que foi abandonado em meio a imbróglios envolvendo a direção nacional. O deputado federal Cabo Sabino (ex-PR) havia anunciado, no fim do ano passado, estar assumindo o comando do partido no Estado no lugar do deputado estadual Tin Gomes, aproveitando-se de brigas entre o presidente nacional da legenda na época, Eduardo Machado, e Tin, há anos filiado e presidindo o partido no Ceará.
Controlado
Sabino desistiu da empreitada, embora até fevereiro deste ano a mudança estivesse acertada, com a equipe de assessores de Sabino, inclusive, chegando a assumir o comando da sigla. A reviravolta na nacional foi motivada pela destituição de Eduardo Machado da presidência da sigla, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após denúncias de desvio de recursos do Fundo Partidário.
Com a mudança na composição nacional, que passou a ser comandada por Marcelo Aro, Tin Gomes foi instado a voltar para a presidência do partido, mas declinou da oferta. No caso de Sabino, a proposta para ele ficar na agremiação foi diferente da que havia sido acertada pelo presidente anterior.
Cabo Sabino se filiou ao Avante, na semana passada, e Tin Gomes já confirmou que se filiará, na próxima sexta-feira (6), ao PDT. Logo, o PHS, que vive turbulência no plano nacional, desaparece no Estado, visto que Tin Gomes levará consigo para o novo partido seus liderados que ainda estão filiados ao PHS.
Outro que sequer aparece registrado no sistema de informações partidárias do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o PMB. Até o ano passado, o partido era controlado pela ex-prefeita de Tauá, Patrícia Aguiar, esposa do conselheiro em disponibilidade do extinto Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Domingos Filho, fazendo oposição ao Governo do Estado. Mas, depois de desentendimentos com a comissão nacional, o grupo deixou a legenda, que passou a apoiar o governador Camilo Santana.
Quadros
Com isso, um de seus dois representantes na bancada estadual, o deputado Odilon Aguiar, mudou-se para o PSD, presidido pelo filho de Patrícia Aguiar e de Domingos Filho, o deputado federal Domingos Neto. Já a outra representante do PMB, a deputada Bethrose, aliada ao Governo estadual, permanece nos quadros do partido, mas cogita ir para o PP, o que esvaziará de vez a sigla no Estado.
Já o PR, depois que passou para o controle da deputada federal Gorete Pereira, aliada do governador Camilo Santana, perdeu quadros importantes da política local, como a deputada estadual Fernanda Pessoa, e o seu pai, o vice-prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa. Antes mesmo da legenda ir para a base de apoio da gestão estadual já havia sofrido uma baixa com a saída do deputado estadual Capitão Wagner.
O parlamentar, em janeiro passado, quando anunciou filiação ao PROS, alegou como um dos motivos da mudança, justamente, o posicionamento de membros do PR, no caso, o de Gorete, a favor do Governo, contrariando a orientação do partido que, até então, fazia oposição ao esquema do governador.
Com a perda de seus representantes no Legislativo estadual, a deputada Gorete Pereira diz que está trabalhando para, na próxima legislatura, eleger pelo menos dois novos deputados estaduais, e que, para isso, conta com a ajuda do "próprio governador" Camilo Santana.
Divergência
A parlamentar aposta nas novas filiações, mas, principalmente, no "chapão" que vem sendo formado com todos os candidatos dos partidos da base do governador para a disputa por vagas na Assembleia. Por outro lado, ela disse que o PR ainda pode "surpreender" durante a janela partidária e atrair um parlamentar para os seus quadros.
"Alguns convites foram feitos", disse. Segundo ela, o senador Eunício e o governador Camilo assumiram compromissos de que o PR não ficará menor. "O próprio governador está trabalhando algumas pessoas que estão começando a vir", citou.
"Vamos para o 'chapão' do Governo e a gente somente espera não sair desse 'chapão' menor do que a gente estava. Eu quero preservar o que se tinha, se der para aumentar muito bem. Estamos filiando bastante pessoas que estão querendo se candidatar, o que vai fazer com que a gente retorne (para a Assembleia)".
Já o PSB, sob o comando do deputado federal Odorico Monteiro, perdeu o seu único deputado estadual, Heitor Férrer, para o Solidariedade, uma vez que o partido já confirmou que apoiará eventual candidatura à reeleição de Camilo Santana. Heitor é contra. O PSB, hoje, no Ceará, é bem diferente da legislatura passada, em 2014, quando o partido era liderado pelo ex-governador do Estado, Cid Gomes.
A legenda chegou a ter, naquela época, seis deputados estaduais e terminou a legislatura com apenas um, depois que Cid teve uma divergência com o ex-presidente nacional do partido, Eduardo Campos, sobre a disputa presidencial. Cid Gomes deixou a sigla alegando "expulsão moral", e levou consigo o seu grupo para o PROS.
Red; DN