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quinta-feira, 21 de julho de 2016

Em seis meses, Ciops recebeu mais de 650 mil trotes no Ceará


De janeiro a junho desse ano, a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), recebeu mais 657.477 mil trotes. Os atendentes recebem, em média, 20 mil ligações por dia. A cada hora, pelo menos 150 telefonemas feitos para a Ciops são trotes. Como esse:

Atendente: Ciops, boa-tarde!
Homem: Amigo, tá tendo um assalto em andamento aqui dentro de uma lanchonete, aqui na Avenida Francisco Sá, ó.

Poucos minutos depois, viaturas já estavam na rua. Em um vídeo, feito com um aparelho celular, é possível perceber toda a movimentação de policiais. Pelo menos seis viaturas foram deslocadas ao local, mas quando chegaram, descobriram que era um trote. A pessoa que fez a ligação foi identificada pela polícia. O caso é investigado.

"Infelizmente o prejuízo é inestimável, tendo em vista que recursos humanos e materiais são deslocados para ocorrências inexistentes. Isso faz com que deixemos de atender à demanda reprimida, que é muito grande”, alerta o coronel Francisco Souto, titular do Comando de Policiamento da Capital (CPC). Passar trote é crime previsto no Código Penal, com pena de detenção de um a seis meses ou multa.

No mês de junho a Ciops recebeu 108.874 ligações falsas e deslocou viaturas 98 vezes para atender ocorrências inexistentes. “Mesmo que o cidadão ligue de um telefone inibido, nós temos como identificar esse número.

Com isso é aberto um processo com a gravação da ligação telefônica, que é encaminhado à polícia judiciária para identificação e tipificação pela polícia civil. O autor da ligação pode responder, na Justiça, por falsa comunicação de crime ou perturbação do serviço de emergência”, explica o coronel Aristóteles Coelho, coordenador da Ciops.

Prejuízo


Trotes recebidos diariamente por órgãos de segurança pública ou de atendimento de urgência como o Samu causam sérios prejuízos. Geralmente, são falsas chamadas de socorro, denúncias de roubos ou mesmo indicações erradas de pessoas desaparecidas. Um estudo realizado pelo Senado Federal, em 2015, revelou que os trotes geram desfalque anual de cerca de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

G1/CE