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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Prefeito faz "gato" para instalar iluminação pública


Há quase quinze anos, os moradores dos distritos de Mangueiral e Capim de Roça, em Pindoretama (CE), na região metropolitana de Fortaleza, têm encaminhado uma demanda para a prefeitura da cidade: uma ligação de energia elétrica entre os dois distritos que possa iluminar a região, há tempos sofrendo com assaltos e insegurança.

Em abril deste ano, a inauguração, anunciada como destaque pelo prefeito Valdemar Araújo da Silva Filho (PT), finalmente chegou. Mas em poucas semanas a estrutura foi completamente desmontada pela Companhia Energética do Ceará (Coelce) sob a justificativa de ser uma “rede clandestina” – ou ´gato´, na linguagem popular.

“A gente esperou por tanto tempo e, quando veio, foi uma ‘gambiarra’", lamenta o aposentado Fernando Porto, de 77 anos, que vive em Mangueiral. Ele afirma que já no lançamento da estrutura era visível notar sua precariedade e que, nos últimos dias, moradores da região tem sido visitados por vereadores da oposição para pressionar o prefeito contra a ação.

"Fizeram [o gato] na calada da noite, uma iluminação sem projeto, sem autorização da operadora de energia. Tanto que a Coelce veio aqui depois e tirou."

A prática ilegal não é mera opinião de eleitores e vereadores da oposição, como o vereador Raimundo do Sinhozinho (PCdoB), que acusa o prefeito Valdemar Araújo de ter feito a ligação de qualquer jeito para se promover, "de olho nas eleições municipais de outubro". 

A Coelce confirma ter identificado que a rede instalada na iluminação pública de Capim de Roça foi irregular e é de responsabilidade direta da prefeitura. A companhia reforça que enviou uma equipe sob escolta da Polícia Militar para fazer a retirada do ´gato´, que além de ser criminoso, afeta a qualidade do serviço prestado pela distribuidora e pode levar a curtos-circuitos e sobrecarga.

Apesar da retirada da iluminação, a publicação do anúncio da conclusão da obra segue nas redes sociais do prefeito, apesar de ele ter feito, dias depois, um novo comunicado – após a desmontagem da estrutura – afirmando que estava buscando a solução para a ligação entre as duas comunidades. Em nenhum momento o político explica as razões pelas quais a estrutura foi desativada.

O chefe de gabinete de Pindoretama, Cristiano Alves, se recusa a prestar esclarecimentos a respeito das acusações contra a prefeitura e se limita a declarar que o vereador Raimundo do Sinhorzinho presta "falso testemunho" ao acusar o prefeito Valdemar Araujo e a administração municipal da cidade.

IG