BRASÍLIA - Uma empresa ligada ao secretário de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional, Glauco Rogério de Araújo Mendes, é suspeita de pagar propinas e lavar dinheiro para a Andrade Gutierrez no esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato. Entre 2006 e 2012, a empreiteira repassou ao menos R$ 19,8 milhões para a Arquieng Arquitetura e Engenharia, que está em nome da mãe e da irmã de Mendes. A pasta à qual a secretaria está vinculada é chefiada por Helder Barbalho (PMDB-PA).
Os dados sobre as transações constam de laudo da Polícia Federal juntado ao inquérito que apura o pagamento de propinas pela Andrade Gutierrez em troca de contratos no governo federal. Mendes é secretário da Integração desde abril deste ano, nomeado pela presidente afastada Dilma Rousseff. Com a saída da petista para responder ao processo de impeachment, ele ficou no cargo. Antes disso, ocupou a Coordenação de Obras e a Diretoria de Infraestrutura Hídrica do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão vinculado à pasta ao qual chegou em outubro de 2012, pela caneta do então ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).
Conforme documento da PF, os recursos transferidos à Arquieng eram lançados na contabilidade da empreiteira como custo de obras do governo federal, entre elas a implantação do Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas, no Ceará, tocado pelo Dnocs. O contrato para os serviços foi assinado em 2002 com o consórcio formado pela Andrade e a OAS. Inicialmente, as intervenções custariam R$ 84 milhões, mas aditivos inflaram o orçamento em R$ 19 milhões.
Nos registros do Dnocs, a Arquieng consta como subcontratada da Andrade para a obra de irrigação. A Lava Jato apura se a empresa efetivamente prestou serviços à empreiteira ou foi usada apenas como “veículo” para a distribuição de propinas. No laudo, a PF lista a empresa entre um grupo de 13 pessoas jurídicas suspeitas de “operacionalizarem pagamentos indevidos e lavagem de capitais”.
As quebras de sigilo bancário da Arquieng mostraram que, dos R$ 19,8 milhões recebidos da Andrade entre 2006 e 2012, R$ 775 mil foram repassados em seguida à conta pessoal de Mendes. No entanto, a maior parte dos recursos da empresa (R$ 12,5 mi) foi paga por meio de saques em espécie ou cheques descontados na boca do caixa, o que reforça as suspeitas de corrupção. Mais R$ 1,2 milhão consta como dinheiro que saiu, mas sem a identificação do recebedor.
Como dirigente do Dnocs, a partir de 2012, Mendes tinha ingerência direta sobre o projeto de Russas. Durante sua gestão, a Andrade Gutierrez recebeu pelas obras R$ 44,5 milhões, entre 2012 e 2014.
Defesas. O Estado enviou questionamentos a Mendes por meio da assessoria do Ministério da Integração. Em nota, respondeu que o secretário assumiu o cargo na gestão passada e não faz parte da “atual gestão”, embora ainda conste oficialmente como secretário. Informou que o pedido de exoneração do “servidor” foi enviado ao Planalto em 1.º de junho e ainda “aguarda deferimento”. A pasta alegou que Helder Barbalho “não tinha conhecimento das acusações” contra o Mendes e a Arquieng. “O ministro não recebeu doações da Arquieng em nenhuma de suas campanhas”, acrescentou. Procurada, a Andrade afirmou que não iria se pronunciar.
Estadão Conteúdo
Os dados sobre as transações constam de laudo da Polícia Federal juntado ao inquérito que apura o pagamento de propinas pela Andrade Gutierrez em troca de contratos no governo federal. Mendes é secretário da Integração desde abril deste ano, nomeado pela presidente afastada Dilma Rousseff. Com a saída da petista para responder ao processo de impeachment, ele ficou no cargo. Antes disso, ocupou a Coordenação de Obras e a Diretoria de Infraestrutura Hídrica do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão vinculado à pasta ao qual chegou em outubro de 2012, pela caneta do então ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).
Conforme documento da PF, os recursos transferidos à Arquieng eram lançados na contabilidade da empreiteira como custo de obras do governo federal, entre elas a implantação do Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas, no Ceará, tocado pelo Dnocs. O contrato para os serviços foi assinado em 2002 com o consórcio formado pela Andrade e a OAS. Inicialmente, as intervenções custariam R$ 84 milhões, mas aditivos inflaram o orçamento em R$ 19 milhões.
Nos registros do Dnocs, a Arquieng consta como subcontratada da Andrade para a obra de irrigação. A Lava Jato apura se a empresa efetivamente prestou serviços à empreiteira ou foi usada apenas como “veículo” para a distribuição de propinas. No laudo, a PF lista a empresa entre um grupo de 13 pessoas jurídicas suspeitas de “operacionalizarem pagamentos indevidos e lavagem de capitais”.
As quebras de sigilo bancário da Arquieng mostraram que, dos R$ 19,8 milhões recebidos da Andrade entre 2006 e 2012, R$ 775 mil foram repassados em seguida à conta pessoal de Mendes. No entanto, a maior parte dos recursos da empresa (R$ 12,5 mi) foi paga por meio de saques em espécie ou cheques descontados na boca do caixa, o que reforça as suspeitas de corrupção. Mais R$ 1,2 milhão consta como dinheiro que saiu, mas sem a identificação do recebedor.
Como dirigente do Dnocs, a partir de 2012, Mendes tinha ingerência direta sobre o projeto de Russas. Durante sua gestão, a Andrade Gutierrez recebeu pelas obras R$ 44,5 milhões, entre 2012 e 2014.
Defesas. O Estado enviou questionamentos a Mendes por meio da assessoria do Ministério da Integração. Em nota, respondeu que o secretário assumiu o cargo na gestão passada e não faz parte da “atual gestão”, embora ainda conste oficialmente como secretário. Informou que o pedido de exoneração do “servidor” foi enviado ao Planalto em 1.º de junho e ainda “aguarda deferimento”. A pasta alegou que Helder Barbalho “não tinha conhecimento das acusações” contra o Mendes e a Arquieng. “O ministro não recebeu doações da Arquieng em nenhuma de suas campanhas”, acrescentou. Procurada, a Andrade afirmou que não iria se pronunciar.
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