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sexta-feira, 29 de abril de 2016

Estado usa dinheiro público para bancar viagem de traficante a Conferência de Direitos Humanos em Brasília


Depois de  fechar um contrato  para ensinar presidiários a jogar xadrez nas cadeias cearenses, ao custo de R$ 60 mil, e da denúncia de que o titular da Pasta exercita advocacia particular mesmo estando no exercício do cargo, a Secretaria da Justiça e da Cidadania do Ceará (Sejus), decidiu bancar com o dinheiro público a viagem de um detento à Brasília para participar de um evento político sobre Direitos Humanos, com direito a passagens de avião, hospedagem, alimentação e outras mordomias, além da escolta.

A viagem do preso é mais um capítulo da muitas denúncias que atingem a  fracassada administração penitenciária do estado do Ceará.  O sistema hoje perdeu o controle sobre a massa carcerária. Fugas, motins, assassinatos e depredações se tornaram uma rotina nas penitenciárias, presídios e cadeias públicas locais.

Eram 5h desta quarta-feira quando agentes do grupo de escolta da Sejus saíram em viaturas da Casa de Privação Provisória da Liberdade Três (CPPL 3), em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), em direção ao Aeroporto Internacional Pinto Martins conduzindo um preso, condenado por tráfico de drogas, para  que ele embarcasse em um vôo com destino à Brasília. Tudo pago com o dinheiro público, inclusive as diárias de dois agentes penitenciários destacados para a missão de escoltar o bandido convidado a participar do evento do Governo Federal em prol dos “Direitos Humanos”.

Desordem generalizada

Enquanto a Sejus banca viagem de traficante e contrata a Federação Brasileira de Xadrez para dar aulas do jogo para presidiários, nas cadeias a situação é de total descontrole. Os detentos hoje estão soltos dentro das galerias, pois destruíram as grades de todas as celas das unidades prisionais. Trinta deles fugiram através de um túnel no Centro de Triagem Criminológica, anexa ao Presídio do Carrapicho, em Caucaia. 

Além disso, agentes penitenciários estão ameaçados de morte pelas facções PCC e Comando Vermelho, que hoje mandam e desmandam no Sistema Penal, inclusive de lá ordenam ataques com incêndios a coletivos, destruição de antenas do  sistema de telefonia celular e atentados com tiros contra delegacias da Polícia Civil e quartéis da PM.   

Do começo do ano até agora, já são 31 atentados das facções. No mais grave, um carro-bomba foi deixado na porta da Assembleia Legislativa do Ceará. Noutro, também recente, um motorista teve 80 por cento do corpo queimado durante um incêndio ao ônibus que ele dirigia.

Blog do Fernando Ribeiro