-->

domingo, 2 de agosto de 2015

Casal é investigado por golpe milionário

Casal utilizou dados de funcionária pública para solicitar cartão de crédito e realizar compras na Capital 
A Polícia Civil investiga a atuação de um casal que estaria clonando dados pessoais e aplicando golpes milionários em vítimas na Capital. Em apenas uma ação, contra uma funcionária pública, o prejuízo chegou a R$ 60 mil, em somente dois dias.
Conforme a vítima, foram realizadas várias compras em diversos estabelecimentos comerciais, além de terem sido adquiridos artigos de luxo, como smartphones de última geração.
O homem apontado pela Polícia como responsável pela clonagem dos dados, inclusive, é investigado ainda por transações suspeitas realizadas no estabelecimento comercial do qual é dono, no Centro de Fortaleza.
Os trabalhos que apuram o caso estão sob responsabilidade da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), da Polícia Civil. Conforme o titular da unidade, delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, a funcionária pública apenas descobriu o golpe após a chegada da fatura do cartão de crédito.
"A princípio, temos uma vítima, em que foram R$ 60 mil de prejuízo no golpe. Ela, que é funcionária da Receita Federal, veio com um levantamento feito, com todos os extratos, de apenas dois dias, 23 e 24 de junho. Em somente um dia, 23, foram comprados 10 celulares, a maioria iPhones top de linha", disse.

Crime
A denúncia da vítima apresentava vasto relatório de locais onde os fraudadores teriam agido utilizando suposto cartão de crédito clonado. De posse das informações, a equipe de investigadores chefiada pelo inspetor Paulo Florentino, refez os passos dos criminosos durante aqueles dois dias.
Os policiais descobriram que, na realidade, os suspeitos utilizavam um cartão de crédito feito em nome da vítima e não clonado. Os criminosos possuíam os dados pessoais da mulher.
"Foram feitos saques de dinheiro, transferências de valores para contas de terceiros, compras em sapatarias, restaurantes, postos de combustíveis, supermercados, lojas de acessórios de veículos, pet shop, lojas de eletrônicos, e outros estabelecimentos, em três shopping centers da Capital", afirmou o delegado titular da DDF.
Chamou ainda a atenção da Polícia o fato de que as compras eram, quase sempre, parceladas entre oito e 12 vezes. As prestações variavam de R$ 600 a aproximadamente R$ 1.200. Em apenas uma compra feita em um supermercado, a conta ficou em torno de R$ 1.400.
Nos locais onde as compras foram efetuadas, os policiais conseguiram obter imagens gravadas pelas câmeras de segurança. Nelas, conseguiram identificar as pessoas que estavam fazendo as compras naqueles dia e hora mencionados pela denúncia apresentada pela funcionária da Receita Federal.
O casal foi então identificado. A mulher atende pelo nome de Priscila Rocha Matos, 31. O homem é Vilmar Bruno Andrade Freitas. Eles moram em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Confissão
A equipe policial então conseguiu localizar a mulher suspeita dos crimes. Ela foi conduzida à Delegacia para prestar esclarecimentos quanto às denúncias. Na presença do delegado, ela confessou ter participado do golpe junto com o companheiro, com quem disse viver maritalmente.
"A mulher alegou que o companheiro chegou a ela pedindo para assinar um papel em branco com o nome da vítima. Ela assinou e, posteriormente, ele voltou com a cédula de identidade com a foto dela no nome da funcionária pública e com um cartão de crédito do Banco do Brasil. De posse dos documentos, saíram para fazer compras. Ela alega que não recebeu nada em troca, tendo ficado apenas com as compras feitas no supermercado", relatou.
A mulher foi liberada e aguarda o desenrolar das investigações em liberdade. Já Vilmar Bruno, apontado por Priscila como o mentor do golpe, não foi localizado pela Polícia.
"Ele tem uma loja de confecções na Rua Pedro Pereira, Centro de Fortaleza, que já estava sendo investigada em cima de uma denúncia de débitos de cartões. Pessoas de vários Estados estão contestando compras na loja. São pessoas que disseram que tiveram cartões de crédito passados na loja. Elas alegam que sequer estiveram no Estado do Ceará", afirmou, citando que irá pedir a prisão preventiva de Vilmar Bruno.

Críticas
Jaime Paula Pessoa Linhares teceu críticas ao sistema que rege o fornecimento de crédito a pessoas físicas no País. Para o delegado, falta cuidado com as informações pessoais dos clientes.
Conforme o titular da DDF, faz-se necessária uma mudança de ações na maneira de se conceder documentos como cartão de crédito bem como ao recebê-los em estabelecimentos. "Há fragilidade no sistema, pois você solicita um cartão em nome de terceiro, faz mudança de endereço, solicita dependente, segunda via, e isso vem trazendo um número crescente de ocorrências".
Linhares também reclamou da facilidade que é obter informações como RG e CPF na internet. Ele citou o site 'Tudo Sobre Todos', que disponibiliza dados pessoais a fácil acesso, que teve a suspensão das atividades determinada pela Justiça. "Aquele site é uma imoralidade. Hoje se discute como é que se obtém os dados. Podem ser obtidos das mais variadas formas, inclusive através da internet. A gente vive na insegurança com relação ao sigilo dos dados", relatou.

Levi de Freitas 
Repórter
Diário do Nordeste