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terça-feira, 19 de maio de 2015

Droga apreendida em avião é avaliada em R$ 7,5 milhões


O carregamento de cocaína transportado por uma aeronave Cesna, prefixo PT-OID, apreendido no último sábado, está avaliado em R$ 7,5 milhões, conforme a Polícia Federal (PF). A instituição interceptou o monomotor, na Zona Rural de Pedra Branca (261Km de Fortaleza), mas os tripulantes conseguiram fugir. A Polícia acredita que a droga vinha da Região Andina, provavelmente da Bolívia, e parte dela seria enviada para a Europa.
O titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF, Janderlyer Gomes, revelou que pelas características dos narcóticos eles deveriam ser divididos entre o Ceará e a Europa. "Nem tudo ficaria aqui. O mercado exterior, principalmente a Europa, é ávido por cocaína com este grau de pureza".
O carregamento que veio do exterior teria passado por um Estado da Região Norte, onde a aeronave que seguiu para o Ceará foi abastecida. "O monomotor pertence a uma empresa de Rondônia. Estamos investigando se a entrada desta droga é pelo Mato Grosso ou por Rondônia", declarou o delegado.
O piloto e o proprietário da aeronave Cesna, que transportava os 361Kg de cocaína refinada para o Ceará já foram identificados. Janderlyer Gomes disse que não pode dar detalhes das pessoas investigadas. Ele adiantou que a rota já vinha sendo investigada pela Polícia.
Esta rota da Bolívia já é conhecida pela PF. A porta de entrada aqui no Brasil era sempre os Estados do Norte. O que é novo é a inserção do Ceará neste trajeto. Estamos trabalhando para combater e eliminar todas as chances destas quadrilhas continuarem enviando drogas em aviões para cá", disse Gomes.
Para o delegado, é possível que outras cargas tenham chegado ao Ceará, em aeronaves. "Muitos outros transportes deste tipo devem ter sido bem-sucedidos, para que as quadrilhas investissem tanto em aeronaves. Não é barato, nem fácil aderir a esta logística. Antes, apenas as Regiões Sul e Sudeste recebiam aeronaves com droga. Os entorpecentes que vinham para o Nordeste eram transportados pelas rodovias. O Ceará é estrategicamente próximo da Europa, isto é certamente um dos motivos para a escolha do Estado".
Pistas clandestinas
Janderlyer Gomes ressaltou que a Polícia Federal está monitorando as pistas de pouso clandestinas no Estado. Segundo ele, mais de dez pontos já foram detectados. "Para nossa surpresa muitas pistas foram descobertas, em várias regiões do Ceará. Estamos recebendo ajuda da Aeronáutica neste mapeamento. Esta pista de Pedra Branca, inclusive, já tinha sido revelada pela Aeronáutica ao nosso setor de Inteligência", revelou.
O titular da DRE afirmou que chegou ao conhecimento da PF muitos relatos de pousos suspeitos, em diversos municípios cearenses, que estão sendo checados. "Muita gente denunciou que já viu aviões pousando em lugares que não costumavam aterrissar. Com o mapeamento vamos ver o que pode ou não ser parte da rota do tráfico".
A preferência pela região em que três monomotores já foram apreendidos, é por conta do efetivo policial ser menor, de acordo com o delegado. "Eles procuram áreas que parecem desguarnecidas para pousarem as aeronaves. Porém, com o mapeamento e a contribuição da PM e da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), estes aviões têm sido interceptados antes do destino", declarou.
Janderlyer Gomes disse que a rota completa dos entorpecentes ainda está sendo investigada. "Estamos apurando quem enviou e quem iria receber a cocaína, até descobrirmos todos os responsáveis por esta prática criminosa", afirmou.
A PF também está analisando se esta apreensão tem relação com as anteriores, ocorridas no município de Canindé e na divisa dos Estados do Ceará e do Piauí, no mês de abril.
Mesma organização
O delegado Wellington Santiago Silva, titular da Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado da PF, afirmou que ainda não é possível afirmar se esse carregamento era da mesma organização criminosa das outras apreensões.
"As equipes ainda estão no local fazendo diligências. Existe certa semelhança do material apreendido com o de Canindé, mas só as investigações poderão delinear se existe uma conexão entre esses grupos", destacou.
Márcia Feitosa
Repórter fonte DN