A proposta de criação do Instituto de Tecnologia do Ceará (ITC), formulada pelo deputado Ariosto Holanda, será apresentada ao candidato a governador pela coligação PT-PROS, Camilo Santana, no próximo sábado (dia 19) num hotel em Fortaleza. A ideia central do ITC foi discutida sexta-feira (dia 12) pelo deputado federal com representantes da Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde ficará sediado o Instituto no campus Itaperi, da Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial (Nutec) e do Instituto Centec, com a participação da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice).
O ITC tem por objetivo integrar as institituições de ciência e tecnologia do Ceará e promover as atividades do segmento à luz do Código Nacional de Ciência, Tecologia e Inovação, cuja lei foi aprovada pela Câmara Federal e tramita no Senado. O Código amplia a oferta de recursos e a participação de instituições para estender a maior número de empresas os benefícios da Lei de Inovação, que vem aperfeiçoar.
De acordo com a proposta, deverão integrar o ITC a UECE, Centec, Nutec, a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e outras instituições. O Instituto terá uma área para incubadora da empresas de tecnologia da informação, entre elas o Instituto Atlântico e Centro Renato Archer de Tecnologia da Informação (ITC). Quinta-feira, ao encontrar Camilo Santana, Ariosto Holanda propos o encontro para a apresentação do ITC com o objetivo de vir a ser incorporado na plataforma de compromissos de governo do candidato na área de ciência, tecnologia e inovação.
A nova estrutura - que terá o perfil de organização social com o perfil adequado para atender aos mecanismos do Código de Ciência e Tecnologia aprovado na Câmara - deverá ser construída no campus Itaperi da UECE e deverá ser acompanhada de uma área reservada para empresas de base tecnológica. Com o delocamento do Nutec para o ITC, as edificações desta Fundação na Universidade Federal do Ceará (UFC) serão transformadas em parque tecnológico tendo como gestor o Instituto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (IPDI).
Em paralelo à criação do ITC, a proposta a ser discutida com o candidato a governador do PT-Pros, inclui ainda uma alteração na Lei das Organizações Sociais do Ceará, de modo a permitir que qualquer funcionário público estadual possa trabalhar numa OS. Conforme Ariosto Holanda, a lei federal das Organizações Sociais permite o ingresso de servidores públicos federais em OS vinculadas a órgãos da União.
Participaram da reunião preparatória do encontro o presidente do Nutec, Paulo Neiva, com os assessores Iêda Magda Silva Montenegro e Francisco de Assis Lima; o diretor de Extensão, Ensino e Pesquisa do Instituto Centec, Afonso Odério Nogueira Lima, com o coordenador de Extensão, Jerônimo Lima da Silva; o ex-reitor da UECE, Manassés Fonteles, o pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UECE, Jefferson Teixeira de Souza, com Fábio Perdigão Vasconcelos, da Comissão de Vestibular (CEV) e Ana Lúcia Bessa de Paula Barros, do Departamento de Ciência da Computação e membro do grupo de trabalho do Parque Tecnológico da UECE e o presidente da Etice, Fernando de Carvalho Gomes. O encontro resultou no consenso em torno da ideia central do ITC.
Jefferson Teixeira de Souza declarou em nome do reitor da UECE, Jackson Sampaio, o interesse da institituição no projeto de criação do ITC. "O projeto serve para fortalecer a instituição e tem completa consonância com a ideia do parque tecnológico da UECE", disse ele, ao destacar a importância da participação de outros atores no ITC no pleito e citar o Instituto Senai de Energias Renováveis como provável itegrante. "A UECE está à inteira disposição para colaborar com este projeto. Temos espaço alocado e um núcleo de inovação tecnológica forte. Cedemos espaço físico e colocamos recursos humanos à disposição", afirmou.
A iniciativa do ITC resgata o projeto de criação do curso de Engenharia Industrial na UECE, elaborado na gestão passada mas que não recebeu apoio para implantação. Apesar de ser a oitava maior no ranking das Universidades estaduais, a Uece ainda não ingressou na área das engenharias, disse Manassés Fonteles. O ex-reitor observou que o Ceará é extremamente fragmentado - ele considerou a fragmentação um erro, numa alusão à dispersão atual das instituições locais de ciência, tecnologia e inovação
A iniciativa do ITC resgata o projeto de criação do curso de Engenharia Industrial na UECE, elaborado na gestão passada mas que não recebeu apoio para implantação. Apesar de ser a oitava maior no ranking das Universidades estaduais, a Uece ainda não ingressou na área das engenharias, disse Manassés Fonteles. O ex-reitor observou que o Ceará é extremamente fragmentado - ele considerou a fragmentação um erro, numa alusão à dispersão atual das instituições locais de ciência, tecnologia e inovação.
"Onde for para agregar, ajudarei", afirmou Manassés Fonteles. Com o projeto do ITC será gerado o ambiente necessário para agregar professores e empresas para viabilizar o curso de engeharia industrial ou outra denominação. O ex-reitor lembrou que o projeto de criação do curso de engeharia industrial, desenvolvida com apoio da Univerdade Mackenzie, de São Paulo, da qual foi reitor, estava pronto mas foi interrrompido por falta de interesse do governo na implantação.
Ana Luiza Bessa de Paula Barros avalia com fundamental, no momento, a articulação para criar o ITC. A professora e pesquisadora participa há quase um ano do grupo de trabalho para criação do parque tecnológico da UECE. Segundo ela, o Instituto Atlântico deu entrada na documentação para ir para a UECE mas não consegue avançar. O projeto esbarra numa interpretação de que a UECE não pode doar o terreno onde está instalada, porque este pertence ao Estado.
Conforme Ana Luiza Barros, também pretende vir para o Ceará um braço do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), um instituto de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O campus Itaperi da UECE, que possui 103 hectares, reserva área para o parque tecnológico e pretende destinar uma área para receber o Instituto Atlântico. O argumento de ordem jurídica não pode ser entrave e pode ser contornado, disse Manassés Fonteles, que se comprometeu a ajudar na sua viabilização.
"Vejo que o projeto tem futuro", disse Fernando Carvalho. O presidente da Etice avalia que, com a nova Lei de Inovação - modificada com a aprovação do Código Nacional de Ciência e Tecnologia - o quadro deve mudar em direção a "um modelo que venha gerar inovação de ideia e produto no mercado, não em prateleira". Ao observar que também gosta de artigo publicado, o professor e pesquisador lembrou que o Brasil está atrasado com o modelo e citou como exemplo que o país, na sua área de conhecimento (TI), gera 90 patentes, enquanto a Coreia do Sul gera 3 mil patentes.
O Cinturão Digital, a infraestrutura de fibra óptica para transmissão de dados e Internet do governo estadual conta hoje com 2,5 milhões de usuários e foi feita para colaborar com projetos nas áreas de ciência e tecnologia como o ITC. "É totalmente possível", disse Fernando Carvalho. Segundo Ariosto Holanda, o presidente da Etice, empresa vinculada à Secretaria estadual de Planejamento, foi chamado para dar sua opinião sobre o projeto do ITC e pela importância do Cinturão Digital para os projetos a serem desenvolvidos no âmbito da nova estrutura.
Ariosto Holanda aponta como ações do ITC as áreas de pesquisa e inovação tecnológica e do ensino e extensão tecnolótica. Na primeira destaca a pesquisa e desenvolvimento, projetos especiais, metrologia, propriedade industrial e infovias, em articulação com a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e o Cinturão Digital, da Etice. Na segunda área o deputado destaca o curso de engenharia industrial da UECE, as atividades do Centec com ensino e extensão tecnológica e do Nutec com assistência tecnológica, educação à distância, Cinturão Digital e banco de soluções.
Odério Nogueira Lima aponta hoje como uma limitação o fato de o Instituto Centec ser uma organização social, e avalia que o ITC, ao abrir a possibilidade de receber emendas, abre nova possibilidade de captação de recursos e significa uma revitalização da instituição. Segundo ele, o novo organismo na UECE vai facilitar a atração de grandes projetos e ampliar a possibilidade de receber bolsas de extensão. "Como as instituições de ciência e tecnologia hoje estão isoladas, a força não é gerada", assinala Odério Nogueira Lima ao observar que com a mudança a convergência vai acontecer e fortalecer todas as instituições, que terão no ITC a fonte onde beber.
Paulo Neiva considera excelente a ideia, mas avalia que precisa de decisão de governo, pois vai mexer com todas instituições. Diante da sugestão do presidente do Nutec de colocar, na discussão com Camilo Santana, também as questões salariais das instituições, Ariosto Holanda assinalou que o momento é para apresentar ao candidato apenas o conceito central do ITC.
Conforme Ariosto Holanda, o ITC vai dar suporte para todas as instituições, ao atuar dentro do que é estabelecido pela Lei 2177 do Código Nacional de Ciência e Tecnologia, como um ponto de convergência para trabalhar os projetos de todas instituições. Segundo ele, o Centec hoje não pode receber recursos de emenda, por ser uma organização social, mas ficará desimpedido de fazer a captação com a nova estrutura. Já o Nutec, por ser uma autarquia, não pode contratar pessoal altamente especializado para determinado projeto, como a Uece também está impedida, mas o ITC terá um perfil que possibilitará oferecer salários em patamar competitivo no mercado.
Outra vantagem do ITC é que resultará no barateamento de custos operacionais das instituições, hoje dispersas em vários locais, e vai gerar sinergia e fortalecimento a cada uma delas em interação com o curso de engenharia industrial e o parque tecnológico na UECE. "Esta
mos hoje com as instituições fragmentadas e sem força, a UECE tentando se fortalecer. Com o ITC vamos integrar o sistema num distrito tecnológico", disse o deputado. O ITC, segundo ele, vai poder negociar projetos para todo o sistema e alocar professores e funcionários públicos em integração com o setor produtivo, uma oportunidade para gerar projetos estratégicos e utilizar a ferramenta da educação à distância por meio do Cinturão Digital.
Por Flaminio
FONTE BLOG RICARDO TORRES