Nesta última etapa, 15 PMs são julgados por oito mortes em 1992.
Eles responderam a perguntas do Ministério Público.
Os réus ouvidos nesta segunda-feira (31), primeiro dia da última etapa do julgamento do massacre do Carandiru ignoraram a orientação do advogado de defesa e responderam a questionamentos formulados pelo Ministério Público. A maioria deles disse que houve confronto entre policiais e presos no terceiro andar do complexo penitenciário e confirmou que fez disparos. A Justiça retomou nesta segunda-feira (31) a última etapa do julgamento de 15 policiais militares, acusados por oito mortes durante o episódio, em outubro de 1992. O julgamento terminou meia-noite e será retomado às 13h desta terça-feira (1).
O tenente-coronel Armando da Silva Moreira, que era subcomandante do Comando de Operações Especiais (COE) na época do massacre afirmou que a missão do grupo - especializado em salvamento - era a tomada do terceiro andar do Carandiru.
Questionado pelo promotor Eduardo Canto Neto, relatou uma cena de combate. "Eu percebi que ele (preso) caiu, mas não sei quem era esse detento ou se ele veio a óbito ou não", afirmou. O PM diz que foi atingido por dois disparos e os projéteis ficaram em seu colete.
Questionado pelo promotor Eduardo Canto Neto, relatou uma cena de combate. "Eu percebi que ele (preso) caiu, mas não sei quem era esse detento ou se ele veio a óbito ou não", afirmou. O PM diz que foi atingido por dois disparos e os projéteis ficaram em seu colete.
O comportamento dos réus irritou o advogado de defesa, Celso Vendramini, que questionou a presidência do júri, exericda pelo juiz Rodrigo Tellini, por entender que os promotores estavam falando diretamente aos depoentes, contrariando acordo prévio. "Ou vossa excelência toma uma atitude ou fica difícil", afirmou .
O advogado viu ironia quando o juiz pediu aos promotores que não falassem aos réus. Apesar das ponderações do magistrado, Vendramini chegou a liberar um dos réus a responder às perguntas da acusação. Antes da entrada do oitavo réu, porém, Vendramini voltou atrás. O juiz então lembrou que "tudo o que foi estabelecido foi observado" e que as exceções ocorreram quando os réus decidiram responder. Por fim, Vendramini parabenizou o juiz pela condução dos trabalhos e pediu para continuar.
O advogado viu ironia quando o juiz pediu aos promotores que não falassem aos réus. Apesar das ponderações do magistrado, Vendramini chegou a liberar um dos réus a responder às perguntas da acusação. Antes da entrada do oitavo réu, porém, Vendramini voltou atrás. O juiz então lembrou que "tudo o que foi estabelecido foi observado" e que as exceções ocorreram quando os réus decidiram responder. Por fim, Vendramini parabenizou o juiz pela condução dos trabalhos e pediu para continuar.
O advogado viu ironia quando o juiz pediu aos promotores que não falassem aos réus. Apesar das ponderações do magistrado, Vendramini chegou a liberar um dos réus a responder às perguntas da acusação. Antes da entrada do oitavo réu, porém, Vendramini voltou atrás. O juiz então lembrou que "tudo o que foi estabelecido foi observado" e que as exceções ocorreram quando os réus decidiram responder. Por fim, Vendramini parabenizou o juiz pela condução dos trabalhos e pediu para continuar.
Em um depoimento emocionado, o coronel Walmir Corrêa Leite disse ser formado em engenharia, direito e educação física e que optou pela PM para salvar e proteger pessoas. Ele disse ao juiz que de nada adianta sua absolvição caso não consiga provar aos filhos que é inocente. "Naquele dia, saí de casa com a mesma proposta de 31 anos de serviços: salvar e proteger. Sempre arrisquei minha vida para salvar pessoas", afirmou.
O secretário da Segurança Pública na época do massacre do Carandiru, Pedro Franco de Campos, afirmou ao plenário que a entrada da PM no presídio era absolutamente necessária. Ele disse que falou de seu gabinete, por telefone, com o coronel Ubiratan Guimarães, comandante da tropa enviada ao presídio. "Disse a ele que ele era o comandante do policiamento e que ele estava autorizado a tomar uma atitiude se necessário fosse", afirmou. Também depuseram e reafirmaram posições o perito Osvaldo Negrini e o desembargador da 14ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, Fernando Torres Garcia, que na época do massacre era juiz auxiliar da Corregedoria dos Presídios.
O julgamento, que acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, foi dividido em quatro blocos, de acordo com as ações da polícia em cada um dos quatro andares do presídio. No primeiro dia, um grupo manifestou-se em defesa dos militares.
Essa etapa do julgamento deveria ter sido realizada em fevereiro, mas foi adiada para o final porque o advogado dos réus abandonou o plenário, provocando a dissolução do conselho de sentença. O Conselho de Sentença será composto por seis homens e uma mulher.
O massacre do Carandiru ocorreu em outubro de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo. Ao todo, 111 presos foram mortos. Os processos possuem mais de 70 volumes e aproximadamente 16 mil folhas.
No terceiro julgamento, encerrado em 19 de março de 2014, após três dias de júri, nove policiais militares foram condenados a 96 anos de prisão e um PM a 104 anos de prisão. Eles foram acusados pela morte de 10 presos, mas os jurados entenderam que tiveram participação em oito mortes.
No segundo julgamento, em agosto de 2013, 25 PMs foram condenados a 624 anos de cadeia, acusados pelo assassinato de 52 presos. No primeiro, ocorrido em abril de 2013, 23 policiais militares foram condenados a 156 anos de prisão pela morte de 13 presos.
Antes desses júris, somente um acusado havia sido julgado desde o massacre: o comandante de operação, coronel Ubiratan Guimarães. Ele foi condenado em 2001 a 632 anos de prisão, em júri popular, por ter dirigido a ação.
Em 2006, o júri foi anulado pelos desembargadores do Tribunal de Justiça. Meses depois da absolvição, Ubiratan foi morto a tiros no apartamento onde morava, nos Jardins.
Créditos G1.