-->

terça-feira, 14 de julho de 2015

Ceará tem queda de 12,6% no número de transplantes em 2015

De janeiro a junho deste ano, foram realizados 638 transplantes no Ceará. O número é 12,6% inferior ao total de procedimentos executados no mesmo período do ano passado, quando 719 órgãos foram transplantados. A redução é registrada após dois anos consecutivos de recordes de transplantes. Em todo o ano de 2013, foram 1.365; já em 2014 o número subiu para 1.381. Os dados são da Central de Transplantes do Ceará.

Um dos obstáculos enfrentados no primeiro semestre foi a falta de medicamentos. O coordenador da Unidade de Transplante Cardíaco do Hospital de Messejana, João David de Souza Neto, aponta que, de janeiro a junho, a unidade realizou 11 transplantes de coração - mesmo número para o período no ano passado. Segundo ele, o ideal seria realizar 15 ou 16 procedimentos por semestre. No entanto, “muitos transplantes não puderam ser realizados por falta de medicamentos”, afirma. Segundo ele, o problema ainda acontece “esporadicamente”.

No dia 28 do último mês de janeiro, reportagem do O POVO mostrou que o Hospital de Messejana não estava realizando transplantes de coração desde dezembro de 2014 por falta de Dobutamina, medicamento que aumenta a força das contrações cardíacas e melhora o fluxo sanguíneo. A assessoria de imprensa do Hospital de Messejana afirmou, por meio de nota, que a situação dos medicamentos já foi regularizada.

A mesma reportagem mostrou ainda que outro remédio, a Ciclosporina, que reduz a probabilidade de rejeição de órgãos transplantados, estava em falta na unidade e no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), que realiza transplantes de córnea, fígado, pâncreas e rim. À época, a assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde (Sesa) informou que a situação havia sido regularizada.

Outros fatores
Para o chefe do Serviço de Transplante de Fígado do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Huygens Garcia, a diferença entre os dois semestres é “preocupante”. Segundo ele, dois fatores contribuem para essa desaceleração: “a sobrecarga no serviço de saúde do País e a rejeição das famílias de doarem órgãos dos parentes falecidos”. Essa rejeição chegou a 45% no ano passado, de acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT).

João David de Souza Neto aponta que, mesmo em setores de transplantes que apresentam resultados semelhantes ou superiores aos do ano passado, houve pouco crescimento e os índices estão abaixo do esperado.

Para Huygens Garcia, a esperança é de que neste segundo semestre o Estado consiga se recuperar e, “pelo menos, igualar os resultados do ano passado” para se manter como referência nacional.

O POVO entrou em contato com a Central de Transplantes do Ceará, mas a direção do órgão não tinha disponibilidade para entrevista sobre os números até o fechamento desta edição.

Números
638 transplantes foram realizados no primeiro semestre de 2015

1.157 pessoas esperavam por transplantes no Ceará no primeiro semestre

O Povo Online