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sábado, 3 de outubro de 2015

Ataque no Afeganistão atinge hospital dos Médicos Sem Fronteiras e mata 9


Um ataque aéreo provavelmente lançado pelos EUA atingiu um hospital e matou membros da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras na cidade afegã de Kunduz na madrugada deste sábado. A organização disse que a unidade "foi atingida diversas vezes durante um longo bombardeio", que começou por volta das 2h (horário local).

O coronel do Exército norte-americano Brian Tribus, porta-voz das tropas no Afeganistão, disse que um ataque dos EUA "contra indivíduos que ameaçavam nossos soldados" atingiu a cidade de Kunduz no horário em que o hospital foi bombardeado, e que "pode ter resultado em danos colaterais a uma unidade de saúde próxima". O incidente ainda está sendo investigado.

Os Médicos Sem Fronteiras afirmaram que nove funcionários afegãos foram mortos e 37 pessoas ficaram seriamente feridas. Segundo a organização, 185 pessoas estavam no local no momento do ataque, incluindo pacientes e médicos. Algumas ainda estão desaparecidas. Todos os estrangeiros que fazem parte da equipe passam bem.

O grupo humanitário disse ter informado todas as partes envolvidas no conflito sobre a localização exata da unidade, inclusive na última terça-feira. "O bombardeio continuou por mais 30 minutos após militares dos EUA e do Afeganistão em Cabul e Washington terem sido informados. Nós queremos clareza, com urgência, sobre o que exatamente ocorreu e como esse evento terrível pôde acontecer".

Kunduz tem estado no centro de um intenso combate ao longo da última semana. A cidade foi invadida pelo Taleban na última segunda-feira, levando os EUA a realizarem pelo menos 12 ataques aéreos contra os rebeldes para ajudar as forças do governo a reconquistar o controle da região. O governo afegão afirmou na quinta-feira que tinha retomado praticamente toda a cidade, mas os confrontos continuam.

Os EUA ainda mantêm uma pequena presença militar no Afeganistão, para ajudar as tropas locais com serviços de inteligência e promover ações antiterrorismo pontuais. O hospital dos Médicos Sem Fronteiras em Kunduz está lotado desde que os confrontos na cidade começaram. O ataque deste sábado destruiu boa parte do complexo.

A unidade trata todo tipo de pacientes e o Ministério do Interior afegão disse que provavelmente insurgentes do Taleban estavam no local no momento do ataque. "Nós acreditamos fortemente que eles entraram no hospital para se esconder das forças de segurança", afirmou o porta-voz Sediq Sediqqi. O Taleban nega.

Quando os insurgentes iniciaram o ataque a Kunduz os Médicos Sem Fronteiras decidiram continuar atuando na cidade após garantias das partes envolvidas no conflito de que o hospital seria protegido. A unidade permaneceu aberta mesmo após prédios do governo e outras entidades internacionais, incluindo os escritórios da ONU, terem sido evacuados. 

Fonte: Associated Press.