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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Após percorrer 100 km, casal adolescente fugitivo é achado em SP


Após percorrerem quase 100 quilômetros de distância em cinco dias, os namorados e estudantes Mateus Alves e Kelly dos Santos, ambos de 14 anos, que fugiram das casas de seus responsáveis, em Guarulhos, na Grande São Paulo, na última quarta-feira (23), reencontraram os pais no domingo (27) na capital paulista. As famílias dos dois já haviam registrado boletim de ocorrência do desaparecimento na Polícia Civil e publicado fotos deles para serem compartilhadas na internet.

Depois de irem a pé de Guarulhos a Ribeirão Pires, na região metropolitana do estado, os adolescentes, que planejavam morar no litoral paulista, desistiram da ideia e foram de trem e Metrô até a Praça da Árvore, na Zona Sul de São Paulo. Lá, um casal, identificado como Paulo e Kely, morador da região reconheceu os dois por fotos divulgadas na web dando conta do desaparecimento deles.
No sábado (26), o casal convenceu Mateus e Kelly a ir para a residência dele, onde tomaram banho e se alimentaram. Em seguida, os adolescentes, que haviam destruído os seus celulares para não serem localizados, foram convencidos pelo casal a darem os telefones dos pais. 



'Trote'
"Quando me ligaram no domingo achei que fosse trote, mas Graças a Deus era um casal muito bom, dizendo que havia encontrado minha filha e o namorado dela em São Paulo", disse nesta segunda-feira (28) ao G1 o encarregado de produção José Manuel dos Santos, de 44 anos, pai de Kelly, que foi à casa de Paulo e Kely acompanhado de policiais militares. A estudante mora com o pai, a mãe e mais dois irmãos em Guarulhos.
“Eles [Mateus e Kelly] foram encontrados no Metrô Praça da Árvore. O casal deu água e comida”, afirmou  Cristiane Alves, mãe de Mateus, ao programa Encontro com Fátima Bernardes. O estudante não mora com a mãe, que é divorciada de seu pai. Ele residia atualmente com a avó materna.
De acordo com o pai de Mateus, o gerente de vendas Ivan Márcio dos Santos, de 35 anos, seu filho e a namorada dele percorreram quase 100 km, andando a pé e usando transporte público, nos cinco dias que estiveram longe de suas casas.

A pé, trem e Metrô
"Na quarta-feira, eles saíram de Guarulhos e foram a pé até Ribeirão Pires, onde queriam fazer a descida da Serra do Mar por trilhas, mas, quando começaram a descer, sentiram medo e voltaram, pegaram trem e metrô e desceram na Praça da Árvore", disse Ivan.
Segundo o pai de Mateus, o casal Paulo e Kely, que tinha visto seu filho e a namorada dele dormindo sobre skates numa viela, decidiram falar com eles no sábado. Os estudantes desaparecidos foram reconhecidos por fotos compartilhadas na web. "Perguntaram por que estavam ali, e eles contaram a verdade."

Apesar do reencontro emocionado com os filhos no domingo, os pais de Mateus e Kelly querem conversar com os dois para que eles não fujam mais de suas casas. A decisão de ir embora foi da adolescente após discussão com seu pai por causa das notas baixas na escola.

"Eu havia dito a ela que depois que ela começou a namorar, as notas dela caíram", disse José. "Só que ela entendeu que eu a estava obrigando a terminar o namoro, o que não é verdade, e decidiu fugir."
Kelly deixou uma carta de despedida para a família, na qual justificava sua decisão de fugir à busca por liberdade que não encontrava em casa. Mateus chegou a comentar com a avó que iria acompanhar a namorada para protegê-la e não deixá-la sozinha porque a ama.
O casal adolescente seguiu rumo ao litoral com mochilas, skates e barracas. "No caso de Mateus e Kelly, acho que não foi culpa dos pais. Estamos dando a melhor educação aos nossos filhos", disse Ivan. "Creio que tenha sido mais ímpeto da juventude em não aceitar algumas coisas e querer contestar tudo."
Questionados pela equipe de reportagem, os pais dos estudantes disseram que não vão impedir o namoro deles. "Mas vamos orientá-los a conversar mais conosco para que isso não ocorra mais", disse José. "Não é fugindo de casa e se arriscando a morrer por aí que você conquista as coisas. É preciso enfrentar os problemas com diálogo."

Fonte: G1