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terça-feira, 10 de julho de 2018

Motoristas rodoviários iniciam greve no Ceará




greve

O principal impasse entre as duas classes é em relação à jornada de trabalho

Rodoviários intermunicipais e interestaduais paralisaram as atividades nesta terça-feira (10), manifestando desde as 4h da madrugada no terminal rodoviário de Juazeiro do Norte e às 9h na rodoviária Engenheiro João Thomé, em Fortaleza. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de transporte Rodoviário de Passageiros Intermunicipal e Interestadual (Sinteti), Carlos Jefferson, menos de 50% da frota em todo o Ceará não funcionou. 

“Estamos realizando um movimento legítimo e legal, seguindo todas as determinações da legislação”, enfatiza Carlos Jefferson. 

A administração da rodoviária Engenheiro João Thomé não se pronunciou sobre a greve à reportagem, explicando que cabe aos dois sindicatos uma decisão. A greve desta terça foi decidida em assembleia geral realizada no último dia 4, quando os profissionais rejeitaram a proposta do sindicato patronal, de 1,31% de aumento real no salário.

 Motivos
O principal impasse entre as duas classes é em relação à jornada de trabalho, que, na nova proposta do Sinterônibus, passaria de 44h para 24h semanais. “Um ataque”, para o Sinteti; “a realidade”, para o Sindicato patronal. “É uma questão fundamental que já existe, a do trabalhador que tem mais de um emprego para complementar a renda. Todo mundo conhece alguém nessa situação”, explica Mario Albuquerque. 

O temor do Sinteti é de que todos os trabalhadores, incluindo os mais antigos, sejam obrigados a seguir esta regra, o que, para Carlos Jefferson, resultaria numa precarização do ofício. É por esse motivo que ainda não houve convenção coletiva pela categoria. A última tentativa de negociação entre os dois sindicatos ocorreu no dia 15 de junho, mediada pelo Ministério do Trabalho. 

Na ocasião, segundo o Sinteti, não houve garantia de que os trabalhadores antigos não tivesse a jornada alterada.

O Sinterônibus, entretanto, assegurou que somente os admitidos dentro de um período definido entre ambas as partes obedeceriam às 24h semanais. “De forma alguma essa alteração aconteceria aos funcionários que já são treinados, muito menos haveria demissão”, garantiu Mario Albuquerque. 

Um termo aditivo foi passado a todos os funcionários da categoria, para que estas questões fossem resolvidas de forma individual, justamente por não ter se chegado a um consenso. O trabalhador que não assinou o termo perdeu alguns direitos, visto que o Sinterônibus não pode garanti-los sem a respectiva assinatura. Por isso, benefícios como vale-refeição, cesta básica e plano de saúde estão comprometidos para aqueles que não assinaram.

“O trabalhador muitas vezes não sabe, porque o sindicato que os representa não informa direito sobre o que acontece nas reuniões. E aí os motoristas seguem em dúvida sobre a real situação, o que é um problema”, define o presidente do Sinterônibus. O Sinteti garante: a paralisação pontual, quando há greve em determinado horário, vai continuar por tempo indeterminado, ou até que as partes entrem em um acordo. 

Até lá, o Sinteti trabalha para divulgar a informação de que passageiros não comprem passagens intermunicipais e interestaduais.

Maria de Lurdes Silva, 59, foi pega de surpresa pela paralisação. Viajaria para Marco, no norte do estado e, segundo ela, os funcionários da rodoviária alertaram de que o atraso não passaria de uma hora. Às 12h, ela não sabia o futuro da passagem para as 10h. 


Red; DN