A agricultora Liliane Silva Cavalcante, de 41 anos, foi presa nessa terça-feira, 6, após quebrar uma alavanca de distribuição de água no Sítio Tibolo, em Alto Santo, 241, 1 km de Fortaleza. Ela foi autuada no artigo 163 do Código Penal Brasileiro, de Dano ao Patrimônio Público, com fiança estipulada, inicialmente, em R$ 3 mil, mas foi solta na noite desta sexta-feira, 9, sem o pagamento da quantia.
De acordo com a filha de Liliane, Nayane Cavalcante Almeida, 18 anos, a mãe estava desesperada com a falta de água da região e quebrou a alavanca em um momento de estresse. “Ela quebrou uma alavanca que regulava o abastecimento e depois ainda danificou umas válvulas e uma torneira. Veio um funcionário da Prefeitura e chamou a Polícia”, contou ao O POVO Online.
“Primeiro disseram que ela ia só depor na delegacia, junto com um vizinho nosso. Escutaram o homem e ela ficou detida”, diz a filha da agricultora. Na mesma noite em que foi presa, por volta das 18 horas, Liliane passou mal e foi hospitalizada, sob escolta, com um quadro de hipertensão.
Um amigo da família conseguiu o apoio de um advogado, que conseguiu baixar a fiança para R$ 2 mil, valor que a família ainda não tinha condições de pagar, conforme Nayana. “Graças a Deus ela saiu sem pagar nada, chegou agora de noite e saiu para agradecer os vizinhos e quem deu apoio”, afirmou a filha.
Liliane mora em uma casa na região, junto com Nayane, o marido, e outros dois filhos, um homem de 20 anos e uma outra jovem de 22 anos. Nayane conta que a região está desabastecida há cerca de três meses, período em que a água chegou de maneira pontual. “Passa três meses sem vim água, e teve dias em que a água saía por dez minutos, não tão limpa, mas também não era suja. Eu sei que não é só nossa casa, mas acho que minha mãe não precisava passar por isso”.
Para Nayana, a mãe agiu sem pensar, aflita por não ter água para escovar os dentes ou tomar banho. O município de Alto Santo é abastecido pelo açude Castanhão, que nesta sexta-feira, 9, está com volume de água em 14,49% de sua capacidade, segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Mais da metade dos 153 açudes do Ceará está com volume de água inferior a 10% da capacidade, conforme publicado pelo O POVO. Os 82 açudes representam 53% dos reservatórios do Estado monitorados pela Cogerh, e 123 açudes estão com volume inferior a 30%. O açude Gavião, que recebe água do Castanhão e abastece Fortaleza, é o que apresenta a melhor situação, com volume de 83,97%.
Foi tentando o contato com o delegado da Polícia Civil de Alto Santo, mas as ligações ainda não foram atendidas.
O POVO Online