Ex-governador teria solicitado 'contribuição' para a campanha de 2014 em troca de abatimento em créditos de ICMS
Dando sequência à colaboração premiada que firmaram com a Procuradoria-Geral da República (PGR), executivos do grupo JBS citaram o ex-governador do Ceará, Cid Gomes (PDT), e o atual presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (PMDB), como receptores de propinas oriundas da empresa. Conforme a delação, os políticos cearenses receberam, respectivamente, R$ 20 milhões e R$ 5 milhões.
A acusação contra o ex-governador do Estado foi feita por Wesley Batista, empresário e um dos proprietários da JBS. Segundo o delator, em 2014, Cid Gomes foi pessoalmente ao escritório do grupo, em São Paulo, e solicitou uma 'contribuição' de R$ 20 milhões à campanha de 2014. Como o Estado devia mais de R$ 110 milhões à empresa em restituições de crédito do ICMS, o empresário teria respondido que a 'doação' seria difícil.
Alguns dias depois, porém, Cid teria enviado o deputado federal Antônio Balhmann (PROS-CE) e o atual secretário de Turismo do Estado, Arialdo Pinho, com uma proposta de abater os R$ 20 milhões soliciados no valor devido em restituições do ICMS, algo que foi aceito pelo empresário. Dessa forma, o Estado teria pago apenas R$ 90 milhões ao grupo JBS e ficou com os outros R$ 20 milhões para si, de acordo com a delação de Wesley Batista.
"R$ 9,8 milhões se referem à propina na forma de pagamento de notas emitidas contra a JBS sem contrapartida em prestação de serviços e os outros R$ 10,2 milhões se relacionam à propina dissimulada sob a forma de doação oficial”, diz o termo de colaboração premiada nº 15, feito pelo empresário Wesley Batista.
Em nota, Cid Gomes afirmou que repudia "referências em delação que atribuem a mim o recebimento de dinheiro. Nunca recebi um centavo da JBS. Todo o meu patrimônio, depois de 34 anos trabalhando, é de R$ 782 mil (IRPF2016), tendo sido duas vezes deputado, duas vezes prefeito e duas vezes governador".
Eunício
A acusação contra Eunício Oliveira, por sua vez, foi feita pelo diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud, o mesmo que realizou a entrega dos R$ 2 milhões solicitados por Aécio Neves. Segundo o delator, o atual presidente do Senado, derrotado por Camilo Santana nas eleições estaduais de 2014, teria recebido R$ 5 milhões pela atuação em uma Medida Provisória que disciplinava créditos de PIS/Cofins.
Em nota, Eunício Oliveira afirmou que os diálogos relatados pelo delator nunca aconteceram. "São mentirosos, como é possível constatar na prestação de contas do diretório nacional de PMDB ao TSE. No ano de 2013 não há doações ao partido conforme diz o delator, como é possível constatar nas prestações de contas do diretório nacional, que são públicas e podem ser verificadas nas declarações ao TSE", destaca.
O senador completa ainda que não usa e nunca usou suas funções legislativas para favorecer empresas públicas ou privadas. "Como relator revisor, o senador recebeu representantes do setor sim, como é absolutamente normal em casos de relatoria", ressalta.
"As contribuições eleitorais do grupo JBS para a companha de 2014 aconteceram sim, e estão devidamente declarados à justiça eleitoral na prestação de contas do candidato Eunício Oliveira", finaliza a nota.
Fonte DN