Preso pela Polícia Federal (PF) em 2015 durante a 'Operação Cardume' e apontado como um dos líderes de uma das maiores organizações de narcotraficantes internacionais já investigadas pela PF no Ceará, Lindoberto Silva de Castro, 33, o 'Louro', "quebrou" o silêncio e resolveu colaborar com as autoridades federais em troca de redução da pena. Natural de Cascavel, no Ceará, o integrante da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) revelou, em quatro depoimentos nos meses de novembro e dezembro do ano passado, como funcionava um dos mais elaborados esquemas de tráfico transnacional de cocaína, maconha e armas.
Além de detalhar as rotas e formas de envio mensal de toneladas de drogas da Bolívia e do Paraguai para o Ceará, conforme o jornal já havia antecipado em série de reportagens publicadas em outubro do ano passado, Lindoberto contou como policiais civis e militares contribuíram com a logística da quadrilha. Revelou ainda extorsões sofridas por ele e por outros integrantes do bando, que resultaram no pagamento de mais de R$ 5,2 milhões.
Trechos dos quatro depoimentos que Lindoberto Silva de Castro, o 'Louro', concedeu à Polícia Federal em novembro e dezembro do ano passado e o detalhe da homologação da colaboração premiada pelo Juízo da 11ª Vara da Justiça Federal
A delação de Lindoberto Castro cita sete policiais civis, sendo dois delegados e cinco inspetores, dois policiais militares e um ex-PM. O jornal opta por não revelar os nomes pois as declarações do delator ainda estão sendo apuradas sigilosamente pela PF em outros inquéritos.
No primeiro depoimento, colhido no dia 17 de novembro de 2015, na presença de um delegado federal e de dois advogados, Lindoberto cita as rotas utilizadas pela quadrilha e as formas de envio da droga.
Ele afirma ainda que seriam realizados envios mensais de cinco toneladas de maconha, 200Kg de cocaína e crack e de cinco ou seis fuzis. O delator descreve como traficantes menores de Fortaleza conseguiam fugir da fiscalização com a ajuda de policiais civis e militares.
Série
Já no depoimento concedido no dia 21 de dezembro de 2015, Lindoberto cita uma série de extorsões de policiais civis contra membros do grupo, dentre eles, Paulo Diego Araújo, que também seria integrante do PCC.
O acusado Paulo Diego foi preso na 'Operação Cardume' e transferido para um presídio federal em abril deste ano, sob suspeita de ter ordenado de dentro do presídio que homens colocassem um carro com explosivos perto da Assembleia Legislativa.
O delator contou que, munidos de um mandado de prisão, dois inspetores prenderam Paulo Diego, mas depois de vasculhar a casa dele e não encontrarem drogas, apreenderam o celular do acusado e foram embora.
No aparelho, encontraram conversas no aplicativo WhatsApp entre Paulo Diego e os traficantes Lindoberto e Cícero de Brito, que remetiam aos carregamentos de cocaína e pagamentos. Meses depois, os mesmos policiais procuraram Cícero de Brito e mostraram o celular.
Para não revelar as conversas aos federais, os inspetores teriam exigido R$ 200 mil. Parte do pagamento, cerca de R$ 100 mil, foi feita no bairro Bela Vista, perto da casa da mãe de um dos policiais civis.
O delator afirma também que Paulo Diego pagou R$ 100 mil a um dos inspetores que colaborava com a quadrilha para saber os nomes de outros policiais que o sequestraram e mantiveram a mulher dele como refém.
Lindoberto Castro disse ainda que desde sua prisão em 2012 pela Polícia Civil, após um assalto a banco quando quatro comparsas dele foram mortos, é alvo de extorsões e já teria pago cerca de R$ 1 milhão. Nos depoimentos à PF, o delator reconheceu, por fotografias, os policiais envolvidos e apontou um inspetor da Polícia Civil como o chefe do grupo de servidores corruptos.
Revelou ainda que esse policial recebeu R$ 700 mil do traficante Márcio Gledson Dias da Silva, o 'Márcio do Gueto'. Extorquiu o acusado de tráfico Antônio Marcio Renes de Araújo e teria exigido R$ 1,5 milhão. Além disso, afirmou que Paulo Diego teria pago cerca de R$ 2 milhões ao mesmo policial.
Lindoberto afirmou que os servidores corruptos adquiriram bens como fazendas, terrenos em condomínios de luxo e seriam sócios de uma empresa de construção civil. O delator disse que a empresa estaria em nome do irmão de um dos inspetores.
Diário do Nordeste
Além de detalhar as rotas e formas de envio mensal de toneladas de drogas da Bolívia e do Paraguai para o Ceará, conforme o jornal já havia antecipado em série de reportagens publicadas em outubro do ano passado, Lindoberto contou como policiais civis e militares contribuíram com a logística da quadrilha. Revelou ainda extorsões sofridas por ele e por outros integrantes do bando, que resultaram no pagamento de mais de R$ 5,2 milhões.
Trechos dos quatro depoimentos que Lindoberto Silva de Castro, o 'Louro', concedeu à Polícia Federal em novembro e dezembro do ano passado e o detalhe da homologação da colaboração premiada pelo Juízo da 11ª Vara da Justiça Federal
A delação de Lindoberto Castro cita sete policiais civis, sendo dois delegados e cinco inspetores, dois policiais militares e um ex-PM. O jornal opta por não revelar os nomes pois as declarações do delator ainda estão sendo apuradas sigilosamente pela PF em outros inquéritos.
No primeiro depoimento, colhido no dia 17 de novembro de 2015, na presença de um delegado federal e de dois advogados, Lindoberto cita as rotas utilizadas pela quadrilha e as formas de envio da droga.
Ele afirma ainda que seriam realizados envios mensais de cinco toneladas de maconha, 200Kg de cocaína e crack e de cinco ou seis fuzis. O delator descreve como traficantes menores de Fortaleza conseguiam fugir da fiscalização com a ajuda de policiais civis e militares.
Série
Já no depoimento concedido no dia 21 de dezembro de 2015, Lindoberto cita uma série de extorsões de policiais civis contra membros do grupo, dentre eles, Paulo Diego Araújo, que também seria integrante do PCC.
O acusado Paulo Diego foi preso na 'Operação Cardume' e transferido para um presídio federal em abril deste ano, sob suspeita de ter ordenado de dentro do presídio que homens colocassem um carro com explosivos perto da Assembleia Legislativa.
O delator contou que, munidos de um mandado de prisão, dois inspetores prenderam Paulo Diego, mas depois de vasculhar a casa dele e não encontrarem drogas, apreenderam o celular do acusado e foram embora.
No aparelho, encontraram conversas no aplicativo WhatsApp entre Paulo Diego e os traficantes Lindoberto e Cícero de Brito, que remetiam aos carregamentos de cocaína e pagamentos. Meses depois, os mesmos policiais procuraram Cícero de Brito e mostraram o celular.
Para não revelar as conversas aos federais, os inspetores teriam exigido R$ 200 mil. Parte do pagamento, cerca de R$ 100 mil, foi feita no bairro Bela Vista, perto da casa da mãe de um dos policiais civis.
O delator afirma também que Paulo Diego pagou R$ 100 mil a um dos inspetores que colaborava com a quadrilha para saber os nomes de outros policiais que o sequestraram e mantiveram a mulher dele como refém.
Lindoberto Castro disse ainda que desde sua prisão em 2012 pela Polícia Civil, após um assalto a banco quando quatro comparsas dele foram mortos, é alvo de extorsões e já teria pago cerca de R$ 1 milhão. Nos depoimentos à PF, o delator reconheceu, por fotografias, os policiais envolvidos e apontou um inspetor da Polícia Civil como o chefe do grupo de servidores corruptos.
Revelou ainda que esse policial recebeu R$ 700 mil do traficante Márcio Gledson Dias da Silva, o 'Márcio do Gueto'. Extorquiu o acusado de tráfico Antônio Marcio Renes de Araújo e teria exigido R$ 1,5 milhão. Além disso, afirmou que Paulo Diego teria pago cerca de R$ 2 milhões ao mesmo policial.
Lindoberto afirmou que os servidores corruptos adquiriram bens como fazendas, terrenos em condomínios de luxo e seriam sócios de uma empresa de construção civil. O delator disse que a empresa estaria em nome do irmão de um dos inspetores.
Diário do Nordeste