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quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Ciro e Cid Gomes são alvos de operação da PF que apura desvios em obras do Castelão

A Polícia Federal deflagrou operação na manhã desta quarta-feira (15) contra desvios de recursos públicos nas obras da Arena Castelão, em Fortaleza, entre os anos de 2010 e 2013. Cerca de R$ 11 milhões teriam sido pagos diretamente em dinheiro ou disfarçados de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas.

Ao todo, 80 policiais cumprem 14 mandados de busca e apreensão determinados pela Justiça, tendo entre os alvos os irmãos Ciro Gomes (PDT), pré-candidato a presidente da República, e Cid Gomes (PDT), senador e ex-governador do Ceará. Lúcio Gomes, outro irmão da família, também sofreu busca e apreensão. A informação foi confirmada pelos jornais Metrópoles e Folha de S.Paulo junto a fontes da corporação.

Segundo os documentos, a investigação é em cima de pagamento de propinas a servidores públicos e agentes políticos do governo do Ceará na gestão do então governador Cid Gomes.

De acordo com a PF, a fraude teria ocorrido para que a Galvão Engenharia obtivesse êxito no processo de licitatório para realizar reformas no estádio. O valor da concorrência foi de R$ 518 milhões, oriundos do BNDES.

Há ainda suspeita de que na fase de execução contratual tenham sido pagas vantagens indevidas para que o governo estadual repasse valores que estavam supostamente retidos. A polícia fala na representação que há indícios de que a propina era paga muitas vezes disfarçada de doações eleitorais para Cid Gomes e os irmãos Ciro Gomes e Lúcio Gomes.

Dois advogados que ocuparam o cargo de Procurador-Geral do Estado do Ceará também foram alvos da operação. Eles são suspeitos de atuar no processo licitatório e promover uma blindagem aos políticos.

A apuração da PF contou com delações premiada de executivos da Galvão Engenharia. Os pagamentos de propina eram feitos em espécie tanto em um escritório de advocacia quanto na residência de um dos advogados investigados.

Confira trecho da decisão da Justiça:

Os empresários (da Galvão Engenharia) realizaram/promoveram pagamentos sistemáticos de propinas, muitas vezes disfarçadas de doações eleitorais, ao então Governador do Estado do Ceará, CID FERREIRA GOMES, e a seus irmãos CIRO FERREIRA GOMES e LÚCIO FERREIRA GOMES, para viabilizar/agilizar pagamentos de obras e serviços de engenharia contratados pelo Governo do Estado do Ceará com a empresa, bem como, previamente, para garantir a vitória da Construtora nos correlatos procedimentos licitatórios, mediante o pagamento de propinas aos advogados que ocuparam sucessivamente o cargo de Procurador Geral do Estado do Ceará — PGE à época dos fatos, FERNANDO ANTONIO OLIVEIRA e JOSÉ LEITE JUCÁ FILHO, tendo ambos funcionado no certame licitatório da Arena Castelão, figurando seguidamente como presidentes da Comissão Central de Concorrências do Estado do Ceará onde tramitou o certame.