Em tom incisivo, o deputado estadual Capitão Wagner (PR) se pronunciou, na manhã desta terça-feira (24), na Assembleia Legislativa do Estado sobre o que ele considera os principais fatores da violência galopante que atinge o Ceará. “Hoje, os policiais estão com medo de ir atender às ocorrências”, afirmou o parlamentar.
Wagner se referia à inoperância do sistema de comunicação da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Segundo ele, os policiais estão temerosos em atender aos chamados da população devido à constante pane nos rádios comunicadores que se interligam entre as viaturas e à Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops).
“Eles temem que ao chegar em um local de ocorrência, precisem de apoio e não vão ser ouvidos”. Conforme o parlamentar, o problema começou quando a SSPDS substituiu o sistema analógico de rádio pelo digital, que até hoje não funciona. A compra do novo equipamento custou aos cofres do estado, segundo ele, cerca de R$ 30 milhões.
“Sabe por que a Secretaria não volta ao sistema analógico? Porque se assim o fizer, o estado estará admitindo ao Tribunal de Contas que o dinheiro público foi usado de forma errada na compra de um sistema de comunicação inoperante, inadequado e ineficiente, e ai os gestores públicos da época serão responsabilizados”.
Denúncias
O deputado aproveitou para enumerar outras causas da alta da criminalidade no estado, ressaltando que o Ceará apresenta índices de homicídios cinco vezes maior que São Paulo.
“Enquanto o estado de São Paulo, que tem uma população de 44 milhões de habitantes, apresenta uma taxa de 7 homicídios para cada grupo de 100 mil pessoas; o Ceará, que tem 8,9 milhões de habitantes, apresenta 37 homicídios para cada 100 mil ”.
Entre os fatores do avanço do crime, ele denunciou o esvaziamento contínuo do contingente da Polícia Civil; a utilização de policiais militares para fazer a segurança do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) e de seus familiares; a colocação de dezenas de PMs para fazer a segurança de presos doentes hospitalizados no Instituto Doutor José Frota (IJF-Centro); e a criação das audiências de custódia, que, segundo Wagner, liberam bandidos presos em flagrante, mesmo aqueles de alta periculosidade ou envolvidos em crimes graves, como traficantes de drogas.
Concluindo, o deputado apresentou uma nova denúncia. Segundo ele, policiais militares foram tirados do trabalho de patrulhamento das ruas de Fortaleza para atuarem como vigias em oficinas mecânicas da Capital onde estão sendo consertadas viaturas policiais. Essa escala, segundo o deputado, foi feita após os vários atentados que ocorreram em delegacias e quartéis, com o incêndio em viaturas e veículos apreendidos.
Blog do Fernando Ribeiro