-->

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Policiais penais cearenses são ameaçados de morte pela facções por conta das torturas da FIPI

 

Depois do assassinato de três policiais penais e a morte do quarto durante um teste de aptidão física, a categoria agora está sendo alvo de ameaças de morte. As duas facções criminosas que comandam o tráfico de drogas e promovem execuções sumárias do estado estariam se unindo para assassinar agentes penitenciários e seus familiares. A ordem para matar teria como motivo uma represália a atos de torturas e maus-tratos que os presidiários vêm sofrendo nas cadeias da Grande Fortaleza praticados por agentes da Força de Intervenção Penitenciária Integrada (FIPI).

As ameaças de morte aos policiais penais cearenses já estão sendo investigadas pelos setores de Inteligência da própria gestão da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Nas redes sociais, as ameaças são feitas abertamente, assim como as denúncias de torturas.

“Estão introduzindo cassetetes e outros objetos n ânus dos presos, estão batendo muito neles, estão torturando de uma forma que eles (os presos) preferem morrer do que se sujeitar a tudo isso”, revela uma presidiária que nas redes sociais se identifica como “Natália Doida”, cuja verdadeira identidade é Maria Natália Nogueira da Rocha, ex-presidiária envolvida com o tráfico de drogas, de acordo com informações da Inteligência da SSPDS.

“… É muito gás de pimenta, agentes cometendo estupros coletivos com internos e a Justiça está calada. O Ministério Público está calado. Os Direitos Humanos estão calados. A Mídia está calada. Crime no estado do Ceará, ou vamos nos unir ao mesmo objetivo ou vai continuar assim”, diz outra mensagem conclamando as duas facções Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE) a se unirem na “guerra” contra os agentes. 

“Não temos mais nada a perder, nossos direitos de ter intimidade já não temos mais. Então, se já estamos na m…, vamos matar esses servidores públicos”, conclui a mensagem ameaçadora.

Quem são eles

Os agentes da FIPI vieram ao Ceará com o objetivo de reforçar a segurança nos presídios no começo da gestão do secretário Luís Mauro Albuquerque. Muitos já retornaram para seus estados, mas cerca de 25 permanecem no Ceará agindo dentro dos presídios, com recorrentes denúncias de torturas e maus-tratos a presos e assediando moralmente os policiais penais do estado, recebendo salários e gratificações que superam os vencimentos dos servidores públicos concursados locais.

(Fernando Ribeiro)