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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Médicos denunciam cancelamento de cirurgias e falta de remédios no HGF

Referência no atendimento terciário no Ceará, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) está com as cirurgias eletivas canceladas, medicamentos usados em quimioterapia em falta e setor de hemodiálise com funcionamento comprometido por falta de cateter. A presidente dos Sindicato dos Médicos do Ceará, Mayra Pinheiro, os coordenadores médicos do hospital receberam, no início da tarde de ontem, um comunicado da direção anunciando o cancelamento das cirurgias já marcadas e impedindo novas internações.  

Mayra afirmou que estão funcionando somente a emergência e o setor com pacientes internados antes do comunicado. “E, mesmo esses, precariamente. Estão faltando insumos básicos como luva, máscara, dipirona. Como um médico atende em um setor de doenças infectocontagiosas sem máscara, sem luva? Só existe essa situação na guerra”, denunciou.

A falta de cateter pode trazer prejuízos graves para as cinco novas pessoas que chegam, em média, a cada dia para começar hemodiálise no HGF. “Se não realizarem a hemodiálise, esses pacientes podem morrer”, diz o nefrologista Célio Barbosa, que trabalha na unidade há 38 anos.

Questionada, a direção do hospital, por meio de assessoria de imprensa, informou que “as cirurgias de urgência e emergência e as internações estão sendo realizadas normalmente”. Foi confirmada a falta dos medicamentos gencitabina e oxaliplatina, para tratamento de câncer. Eles “estão sendo adquiridos”, conforme nota do HGF. Sobre as cirurgias eletivas, o cateter para hemodiálise e a falta de insumos básicos, o hospital não se manifestou.

Nossa reportagem esteve na noite de ontem na emergência do HGF. Não foram vistos profissionais sem máscara. Um técnico de enfermagem, que preferiu não se identificar, afirmou que não há baixa no estoque de luvas e máscaras. Já quanto às internações, uma funcionária do setor, que preferiu não dizer o nome, confirmou o recebimento do comunicado cancelando novas internações.

A presidente do Sindicato dos Médicos afirmou também que as remunerações dos médicos estariam atrasados há cerca de dois meses - o que pode causar paralisação da categoria a ser decidida em reunião na próxima segunda-feira, 9.

Nossa reportagem procurou, na tarde de ontem, a Secretaria da Saúde do Estado, que não se posicionou até o fechamento desta matéria.

O Povo Online