Após determinar o corte na verba da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, que afetou o abastecimento de combustíveis das viaturas no Interior, reduziu horas de trabalho extra, suspendeu viagens de transferência de presos em outros estados e atrasou o pagamento do incentivo por apreensão de armas e munições, o governador Camilo Santana decidiu acabar com o pagamento da gratificação pelo cumprimento de metas, dentro do programa de combate aos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLs).
A decisão de Santana foi revelada, em primeira-mão, pelo jornalista Donizete Arruda, na manhã desta segunda-feira 95), no quadro “Conexão Brasília” apresentado de segunda a sexta-feira pelo programa “Ceará News”. O jornalista considera a atitude do chefe do executivo como um “estopim” para uma revolta generalizada dos policiais civis e militares de todo o estado, e, consequentemente, o crescimento dos índices da criminalidade. Já neste último fim de semana, nada menos, que 50 homicídios foram registrados no estado.
A gratificação pelo cumprimento de metas estabelecidas para a queda dos índices de homicídios, latrocínio e lesões corporais seguidas de morte (os CVLIs) havia sido estabelecida em lei pelo então governador Cid Gomes. Trimestralmente, os policiais vinham recebendo gratificações proporcionais ao batimento das metas estabelecidas para casa uma das 18 Áreas Integradas de Segurança (AIS). Quanto maior a queda do número de mortes e roubos, maior a gratificação aos servidores das polícias Civil e Militar e também da Perícia Forense.
Sem dinheiro
O pagamento da gratificação pelas metas atingidas por cada AIS era vista como um incentivo para que os militares e civis aumentassem seu empenho na prevenção e na repressão aos crime. No entanto, ainda assim, nos últimos meses o dinheiro deixou de ser liberado. Em agosto último, os índices de crimes, segundo vinha informando oficialmente a SSPDS, voltaram a crescer, com o registro de 356 assassinatos no Ceará. O governo, no entanto, silenciou sobre o pagamento da remuneração extra.
A falta de dinheiro para a segurança também vem impedindo que até mesmo viagens para a transferência sob escolta de presos cearenses detidos em outros estados brasileiros sejam realizadas. Exemplo disso foi a captura, em Goiás, de duas pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato do radialista Gleydson Carvalho , na cidade de Camocim, há dois meses. Há 10 dias, um casal de suspeitos permanece na sede da Polícia Civil de Goiás, em Goiânia, aguardando transferência para o Ceará. Sem verba, a Polícia local não realizou até hoje o recambiamento.
Blog do Fernando Ribeiro