O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a "apologia à violência" presente em games e esportes incide diretamente no aumento de criminalidade no Brasil.
"A violência é hoje cultivada e aplaudida, seja em esportes ou jogos de crianças pequenas", declarou o ministro, na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington (EUA), nesta quinta-feira, 14. As informações são da BBC.
Na ocasião, Cardozo apresentou os principais pontos do pacto nacional de combate a homicídios que o governo federal deverá lançar nas próximas semanas. As ações do pacto, de acordo com ele, serão focadas a 81 municípios, na maior parte nordestinos, onde estão concentradas quase metade dos homicídios no Brasil.
"Outro dia ouvi um especialista dizer que nunca viu um game em que o vencedor é quem salva vidas, pois o vencedor é sempre quem mata. Essa cultura da exaltação da violência se projeta e acaba banalizando a violência, disseminando uma realidade perversa em que seres humanos podem aniquilar, ferir os outros em atos que são socialmente reprovados", afirmou.
O ministro foi questionado pela BBC sobre a qual esporte ele se referia quando abordou sobre o tema. Ele ressaltou que não se tratava de nenhuma modalidade específica, como as lutas marciais de MMA.
"Às vezes tenho visto violência até em esportes que não tendem minimamente a ser violentos, como jogos de futebol", critica.
Pacto
Além de envolver Estados, municípios e a sociedade civil, Cardozo frisa que será colocado em prática um plano para estimular a integração entre as polícias, além da instalação de câmeras nas áreas mais violentas e o treinamento de peritos, para melhor investigação dos crimes.
Ainda deverá ser criado um "comando integrado" para monitorar a implantação do plano nas mais de 80 cidades.
A aceleração de processos envolvendo crimes violentos, bem como a divulgação de campanhas de desarmamento estão entre as medidas prioritárias citadas pelo ministro.
A derrubada da "cultura do encarceramento", vista por ele como o motivo da superlotação das prisões brasileiras, "escolas de criminalidade", também é outro ponto a ser contemplado no pacto.
"Enquanto prevalecer entre os nossos operadores do direito essa cultura do encarceramento, jamais resolveremos os problemas do nosso sistema carcerário", crê Cardozo.
Sobre crimes envolvendo games e esportes, porém, o ministro não comentou como pretende lidar ou se há alguma medida no pacto nacional que contemple o tema.
O POVO Online