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quinta-feira, 26 de março de 2020

Coronavírus: quando acabará surto e a vida voltará ao normal?

Estamos provavelmente vivendo em cidades fantasma, com escolas e comércio fechados, restrições de viagens e proibição de aglomerações, como festas e comemorações. Por enquanto, esta é sem dúvida a melhor estratégia para combater o surto de coronavírus.

Mas durante quanto tempo?

Obviamente, não será possível manter tal isolamento por muito tempo. Isolar grande parte da sociedade não é sustentável e o dano econômico seria catastrófico.

Então quando tudo isso irá “acabar” e poderemos voltar a nossas vidas normais?

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse que acredita que o Reino Unido poderá recuperar do surto nas próximas 12 semanas.
Mesmo que os casos diminuam nos próximos três meses, certamente não será o fim. Para extinguir quase totalmente o coronavírus, será necessária uma estratégia de longo prazo, como uma vacina, um número suficientemente grande de pessoas imunes, ou mudanças radicais na sociedade.

Infelizmente, nenhum país desenvolveu uma saída estratégica dessa pandemia até agora e este é um desafio científico e social imenso.
Uma vacina que desse às pessoas imunidade contra o coronavírus seria o ideal. Se 60% da população estivesse imune, a doença já não poderia causar surtos, por exemplo.

Estamos caminhando nesse sentido. Uma pessoa já recebeu uma vacina experimental nos EUA, depois de apenas algumas semanas de desenvolvimento. Os investigadores foram autorizados a testar seu produto em seres humanos saltando a fase de experienciares em animais. Só que essa rapidez também não garante uma imunização eficaz.

As melhores estimativas indicam que uma vacina segura, e capaz de ser utilizada em larga escala, ainda levará 12 a 18 meses para ser lançada, se tudo correr bem.

É claro que não dá para viver com tamanhas restrições por um ano e meio, então como vai ser?

Uma estratégia a “curto prazo” é tentar reduzir os casos o máximo possível para evitar que os hospitais fiquem sobrecarregados. Assim, não faltariam camas nas unidades de tratamento intensivo e o número de mortes não aumentaria.

Quando alcançássemos esse ponto, as medidas de restrição poderiam ser retiradas por um tempo, até que os casos aumentassem novamente, e assim continuaria.

Só que esse cenário também não é o ideal. Isso porque poderia levar anos para a população desenvolver uma imunidade natural ao vírus, se é que isso existe, outros coronavírus que causam sintomas de resfriado comuns levam a uma resposta imune muito fraca, e as pessoas podem ter a mesma doença várias vezes durante a vida.

Uma terceira opção seria impor alterações permanentes em nosso comportamento para manter as taxas de transmissão do vírus baixas.

Isso incluiria manter algumas das medidas atualmente em vigor, como a distância física de pelo menos um metro entre as pessoas, ou introduzir testes rigorosos para isolar os doentes e evitar surtos, embora os especialistas apontem que isso já foi feito e não funcionou.

Desenvolver medicamentos que pudessem tratar o COVID-19 com eficácia é outra coisa que ajudaria muito a controlar o surto. Eles poderiam ser usados logo que as pessoas apresentassem os primeiros sintomas, num processo chamado de “controlo de transmissão”.

Também poderia reduzir a pressão nas unidades de terapia intensiva, o que ajudaria os países a lidar com os casos antes de ter que reintroduzir medidas severas de isolamento.

Conseguir expandir unidades de tratamento intensivo também, em tese, melhoraria a capacidade dos governos de lidarem com surtos maiores.

Conclusão, a longo prazo, claramente a vacina seria a melhor maneira de impedir novos surtos e voltar à vida normal. A curto prazo… Bom, a sociedade e a ciência ainda precisam de soluções o mais rápido possível.

(Referencia//BBC News)