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sexta-feira, 8 de março de 2019

Estudante de 20 anos recebeu a missão de assumir o microfone principal de uma transmissão e fez história. Agora, quer servir de inspiração para outras mulheres



Nascida em Itamarandiba, 406 km distantes da capital Belo Horizonte, Isabelly seguiu aquele roteiro conhecido de quem gosta de esportes mas não consegue decolar como atleta. No caso dela, a via mais rápida para trabalhar com o que mais gosta foi entrar na faculdade de jornalismo.
Em julho deste ano, Isabelly deu o "pulo do gato" que tanto esperava. Deixou a assessoria de imprensa na qual estagiava para integrar a equipe de esportes da Rádio Inconfidência. Seu mentor nesse processo foi José Augusto Toscano, coordenador de esportes da rádio. "Consegui o contato o Toscano durante um evento dessa assessoria em que trabalhava. Mandei uma mensagem pra ele pelo Facebook, fui chamada para um bate-papo e acabei contratada como estagiária. Desde o nosso primeiro contato ele perguntava se eu tinha vontade de narrar, já que um dos sonhos dele era promover uma mulher como narradora e todas as outras estagiárias que haviam passado por lá não embarcaram na missão. Confesso que narrar não estava entre os meus objetivos, mas o Toscano me convenceu de que era possível."
Isabelly estreou como narradora titular da Inconfidência em novembro
Antes de assumir o microfone principal da transmissão, Isabelly fez as vezes de comentarista e repórter de campo. O empenho nas funções elevou a sua cotação com Toscano. "Para narrar a pessoa precisa estar muito envolvida com futebol. Eu respiro isso de domingo a domingo. Muito mais do que a técnica da narração, é preciso ter conhecimento dos times, do contexto do jogo, ter propriedade sobre o que está falando. E o Toscano percebeu que eu estava ligada em tudo."
A primeira oportunidade como narradora titular da Inconfidência não tardou. 7 de novembro, pouco mais de quatro meses depois do seu ingresso na rádio. Jogo importante, envolvendo o América-MG, dono da casa e melhor time da Série B. "Senti um pouco de pressão a caminho do estádio. Não podia errar. Mas entendi que precisava seguir um protocolo: a entrada dos comentaristas, os aspectos do jogo, da jornada esportiva. No final deu tudo certo."

Em apenas um mês, Isabelly irradiou cinco jogos. Início de carreira fulminante e surpreendente para a ainda graduanda em jornalismo. "A narração foi uma descoberta positiva. Não imaginava fechar o ano com essa projeção. Minha carreira tomou outros contornos em apenas seis meses. Quero me envolver com o maior número de jornadas esportivas no próximo ano. O Toscano sempre me dá feedback, diz onde eu preciso melhorar", diz ela, que já estabeleceu as metas para 2018: "Vou fazer um curso de locução. Preciso entender melhor minha voz. Além disso, quero narrar um clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG e, se possível, a Libertadores."
Pioneira em Minas Gerais, Isabelly quer agora estimular outras mulheres a ocuparem as cabines de transmissão Brasil afora. "Espero servir de inspiração. Só assim nos afirmaremos. Recebi muitas mensagens elogiosas e isso me deixa honrada. As mulheres podem atuar em todas as esferas do futebol. É importante também que existam outros Toscanos por aí, que apostem em outras mulheres como ele apostou em mim, que tenham esse olhar revolucionário."

Blog; Erivando Lima