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sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Visitas estão suspensas "até terminarem os ataques”, diz secretário Mauro Albuquerque


Secretário da Administração Penitenciária lembrou também que os presos não estão com regalias. E reforçou que a população tem papel importante no combate da violência

Recém-empossado na Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) no segundo mandato do governo Camilo Santana (PT), o policial civil Luís Mauro Albuquerque afirmou na manhã desta sexta-feira (25), com exclusividade ao jornalista Roberto Moreira do Sistema Verdes Mares, que as visitas de familiares de detentos em presídios onde sejam dados comando para ataques criminosos serão suspensas até que essas ações cessem no Estado.


“Onde está tendo alguma movimentação de querer dar comando, através de visitas, pra rua, não tem. Está suspenso até terminarem os ataques”, afirmou Mauro Albuquerque.
Segundo ele, entretanto, a suspensão de visitas não atinge todos os presídios. "Algumas unidades estão, outras não. Estamos visualizando isso", disse. Segundo a SAP, atualmente as visitas estão suspensas em cinco unidades: 

Unidade Penitenciária Francisco Adalberto de Barros Leal (antigo presídio do Carrapicho), em Caucaia
Unidade Prisional Agente Luciano Andrade Lima (CPPL I), em Itaitinga
Instituto Penal Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II), em Itaitinga
Unidade Prisional Professor José Jucá Neto (CPPL III), em Itaitinga
Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim, em Itaitinga
Desde o primeiro fim de semana do ano, dias após o início dos ataques, duas unidades prisionais tiveram as visitas de familiares suspensas pela SAP na CPPL I e na CPPL III. Desde então, as outras três foram acrescentadas.

População deve denunciar
O secretário destacou ainda a importância da população em combater os crimes através das denúncias, que são uma forte ferramenta do governo para achar os criminosos.

“Nosso maior apoio está na população. A população é maior vítima, mas, ao mesmo tempo, é o nossa maior aliada", disse. "Denuncie! É totalmente seguro", acrescentou.

Pois liguem e denunciem, porque a gente vai lá e vai buscar e vou cuidar, vou prender, para que a população não fique refém da bandidagem", ressaltou.
Apesar da continuidade dos ataques, Albuquerque destaca que a situação está dentro da normalidade em alguns locais.

O Governo disponibilizou um número de WhatsApp para o qual as pessoas podem enviar informações, áudios, fotos e vídeos que levem à captura de criminosos. O número é (85) 98969.0182. As denúncias também podem ser feitas por meio do telefone 181, o Disque-Denúncia. 

Fim das regalias
O secretário fez questão de dizer que os presos não possuem mais regalias. E que, no decorrer do trabalho, o sistema prisional do Ceará ficará organizado.

“Com as mudanças nos procedimentos foram retiradas um monte de regalias que existiam. Tipo televisão, rádio, celular, eletricidade nas celas. Detalhe: não estamos deixando [os presos] no escuro. A iluminação existe", explicou. A medida de retirar tomadas elétricas de dentro das celas, segundo ele, é para evitar a recarga da bateria de celulares "quando conseguem entrar". "Estamos reorganizando o sistema. Neste sistema, o Estado tem o controle total”, afirmou.

Perfil do secretário
A indicação do secretário, que atuou com rigor e disciplina no sistema penitenciário do Rio Grande do Norte, é apontada como uma das motivações das fações criminosas para deflagrar a série de ataques que ocorre desde o dia 2 de janeiro com incêndios a coletivos, postos de gasolina, carros públicos e particulares e detonação de explosivos em pontes, entre outras ações.

Além de secretário da Justiça e da Cidadania no Rio Grande do Norte, Albuquerque já contribuiu para a segurança cearense quando foi consultor na retomada de quatro unidades prisionais nas rebeliões de 2016 em Itaitinga, que deixaram 17 mortos.

O secretário foi o responsável pela retomada do controle da Penitenciária Estadual de Alcaçuz (PEA), no Rio Grande do Norte, em 2016. Uma das maiores contribuições de Mauro Albuquerque na área de segurança foi a produção da doutrina de intervenção penitenciária e procedimentos de segurança, que já foi, inclusive, adotada pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Violência chega ao 24º dia
Desde o dia 2 de janeiro, criminosos realizaram 252 ataques criminosos em pelo menos 50 municípios do Ceará. 430 pessoas foram detidas suspeitas de participação nos atos. A violência no estado chegou ao 24º dia.

Somente entre a noite da quinta-feira (24) e a manhã desta quinta, foram registradas sete ocorrências em Fortaleza e na Região Metropolitana. Na capital, homens armados assaltaram clientes de um posto de gasolina e, antes de fugirem, atearam fogo em um carro que estava estacionado no local. Bandidos também queimaram dois tratores, um ônibus e um micro-ônibus na capital e em Maracanaú. No Eusébio, um posto de saúde foi saqueado e depredado, e uma escola municipal foi incendiada. Já nesta manhã, uma van foi incendiada no Bairro Dias Macêdo, em Fortaleza.

Red; DN