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quarta-feira, 20 de junho de 2018

Produtores querem mel na merenda escolar



Os importadores estão oferecendo, no máximo, R$ 7 pelo quilo. No ano passado, o preço internacional era R$ 12

Quixeramobim. A Quadra Chuvosa deste ano elevará a produção de mel no Ceará. Agora a preocupação é outra. O preço do produto, em sua maioria exportado, caiu consideravelmente no exterior. Os importadores estão oferecendo, no máximo, R$ 7 pelo quilo. No ano passado, o preço no mercado internacional era R$ 12. A queda no valor ocorreu em razão do aumento da produção nos países consumidores, explicou o presidente da Câmara Setorial do Mel, Vinícius Araújo de Carvalho.

Como as exportações chegam a 90% da produção no Ceará, sem o auxílio governamental, o setor deve entrar em colapso. Os produtores não se prepararam para a possibilidade de uma crise dessa natureza. Também não aprenderam a atender e nem a trabalhar para as vendas no mercado interno. Com a vegetação revigorada pelas chuvas, vão aprender que, nesse segmento do agronegócio, nem tudo são flores. "Antes da seca, éramos o terceiro maior produtor do Brasil, atrás apenas de Santa Catarina e de São Paulo", destacou o representante da categoria.

Para agravar mais o problema, mesmo com a seca severa, prolongada por seis anos, o número de apicultores cresceu. O Ceará já conta com grupos organizados em 155 municípios, de um total de 184. São 254 associações, sete cooperativas, quatro entrepostos de produção e sete mil trabalhadores envolvidos diretamente. Até o fim deste ano a coleta de mel deve superar 4,1 mil toneladas.

A opção encontrada foi introduzir o alimento, 100% natural, na merenda escolar, como ocorre com o leite e outros itens. A ideia vai ser levada ao governador Camilo Santana, na expectativa de conseguirem regular o mercado local, pelo menos até o preço voltar ao patamar adequado, na avaliação dos apicultores. Com a normalização do preço no mercado, os avanços dos últimos anos na cadeia produtiva não correrão risco de retração, aponta Carvalho.

Conforme a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), até 2010, a apicultura no Ceará mantinha posição de destaque no ranking nacional, mas, devido à prolongada estiagem, vinha caindo ano a ano. Em 2017, houve uma pequena recuperação dos apiários e, consequentemente, da produção. Em 2102, foram 3,11 mil toneladas; em 2017 chegou a 4,47 mil toneladas e, para 2018, a projeção já é de 4,07 mil toneladas.

O diretor de Agronegócios da Adece, Silvio Carlos Ribeiro, reconhece a dificuldade momentânea enfrentada pelos apicultores. "Como a expectativa é de maior produção, quando há oferta o preço cai, é a lógica do mercado. Entretanto, a Agência já está buscando alternativas para solucionar o problema. Uma delas é agregar valor ao produto, como comercializar o mel em sachê e em garrafas", afirma.

Outra frente de ação da Adece está na facilitação das exportações, tanto por meio de serviços aéreos hub quanto pelo porto do Pecém. A articulação junto à Secretaria de Educação do Estado (Seduc) também está sendo feita. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae-CE) é outro parceiro na solução desse gargalo, ressaltou Ribeiro.

No segundo semestre do ano passado a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) deu inicio ao Projeto São José III. No pacote, com investimentos de R$ 12,4milhões, do governo do Estado e do Banco Mundial, mais de 1,6 mil famílias estão sendo beneficiadas com convênios de projeto produtivo e assessoria técnica. Nesta fase, o Projeto contempla 29 convênios de apicultura e de outras culturas, atendendo 40 comunidades de 33 municípios.

Red; DN