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sábado, 25 de novembro de 2017

Polícia cria força-tarefa para elucidar homicídios no CE

Com a finalidade de elucidar um maior número de homicídios no Estado do Ceará, a Polícia Civil montou uma força-tarefa. São 30 servidores, entre delegados, inspetores e escrivães se deslocando entre diversas áreas do Ceará e, atuando, principalmente nas localidades que mostram picos de mortes.

A decisão por formar esta nova equipe veio devido ao Estado enfrentar uma série de meses com os piores índices de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs). De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), com 516 homicídios, outubro de 2017 foi o mês mais violento já registrado no Ceará.

Policiais civis ouvidos pela reportagem em condição de anonimato e o Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol-CE) criticaram a medida por considerar que enfraquece a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). "Devia colocar esses policiais na DHPP, que é Especializada para investigar esse tipo de crime e está precisando de gente", disse um inspetor.

Já para um delegado lotado em uma distrital, a criação da força-tarefa pode ter boa intenção, mas não vai resolver o problema. "Os policiais dessas equipes não têm como acompanhar os inquéritos porque eles tramitam na DHPP. Eles são subordinados a diretores ligados ao gabinete do delegado Geral. Não sei se isso vai funcionar".

Nessa sexta-feira (24), durante reunião do Conselho Estadual de Segurança Pública (Consesp), o titular da SSPDS, André Costa, lembrou que a Pasta observou um acúmulo de mortes em determinados pontos da Capital. De acordo com o secretário, 80% dos homicídios acontecem em menos de 40% dos territórios de Fortaleza.

Foi a partir da constatação da concentração dos crimes que a Pasta percebeu a necessidade de movimentar a Polícia Civil. O delegado geral Everardo Lima conta que a estratégia tem como consequência mobilidade similar à da Polícia Militar ostensiva. "Se tem pico de homicídio na área do Padre Andrade, pega equipe da PM e remove para lá. Já a Polícia Judiciária, não era assim. Era um território fixo para investigar especificamente aquela área", explica o delegado acerca da concepção da equipe.

A Polícia Civil ressalta que a atuação é feita a partir de uma triangulação e não há superposição. Os 30 policiais escolhidos atuam em parceria com as equipes da DHPP, e também estão juntos aos civis lotados nos distritos. Conforme Everardo Lima, as forças são integradas, no entanto, o inquérito sobre qualquer homicídio em Fortaleza sempre, de início, é levado pela DHPP. É na Divisão que a investigação é formalizada e corre durante os primeiros 30 dias.

Impunidade

O secretário da Segurança Pública, André Costa, lembra que a força-tarefa veio para dar uma resposta imediata à população. A equipe de delegados espalhados por diversas áreas deve fazer com que o índice de resolução de CVLIs no Ceará aumente.

De acordo com levantamento do Sistema Gerenciador de Homicídios (SGH) da Polícia Civil, atualmente, 23% dos casos de mortes violentas são solucionados no Estado. A média nacional de resolução dos crimes é de 5 a 8, a cada 100. O secretário ressalta que o efetivo de policiais voltados para a investigação não é ideal e que, para aumentar a porcentagem de elucidação, a concentração de esforços é precisa.

"São 30 policiais nessa nova equipe. Se fosse aumentar na DHPP seria, em média, 3 a mais em cada Delegacia. Teremos um reforço maior até maio de 2018, quando os novos policiais civis vão se formar e deverão já estar nas ruas. No nosso planejamento definimos que muitos desses policiais vão se incorporar à DHPP. Serão de 8 a 10 a mais em cada Delegacia da Divisão", afirmou André Costa.

Atuação

Sérgio Pereira é um dos três delegados a compor a força-tarefa. Segundo ele, o trabalho está sendo desenvolvido em cima da mancha criminal. Pereira destaca que além da capital cearense, com a determinação do secretário, a equipe pode se deslocar para o Interior do Estado.

"Nós estamos presentes nos crimes de grande repercussão e fazemos diligências ininterruptas. Nos dividimos em equipes de três pessoas. Não existe horário fixo para o trabalho, podemos ser acionados a qualquer momento. O que importa é dar uma resposta rápida e diminuir a sensação de impunidade nos criminosos", acrescentou o delegado Sérgio Pereira.

Para o Sinpol-CE, a força-tarefa é uma ação paliativa e não se mostra como suficiente para solucionar os casos investigados.

Diário do Nordeste