-->

sábado, 2 de julho de 2016

Policiais Militares são sepultados sob homenagens e emoção

Colegas de farda e bombeiros militares conduziram os caixões dos PMs mortos no tiroteio com os assaltantes de bancos e carros-fortes. Parentes e amigos acompanharam o cortejo ( fotos: bruno gomes )

Quixadá. Sob honras militares, homenagens e forte comoção, foram sepultados, nesta cidade, no fim da tarde e começo da noite da última sexta-feira (1º) os três policiais militares mortos na tarde anterior por bandidos armados de fuzil. O cabo Antônio Joel de Oliveira Filho e o soldado Antônio Lopes Miranda Filho foram enterrados no Cemitério Público de Quixadá. Já o sargento Francisco Guanabara Filho teve o corpo deixado no Cemitério Parque Nova Jerusalém. Os três foram velados durante toda a sexta-feira.

Às 15h, o comércio local baixou as portas. Segundo os funcionários, não havia nenhuma recomendação: tratava-se do sentimento geral de uma cidade que estava abalada. “Foi uma iniciativa dos próprios empresários. A cidade inteira está muito triste, assustada. Foi um dia estranho, nada fluiu, as pessoas não foram às ruas”, relatou uma moradora.

Pela Rua Rodrigues Júnior, várias faixas de luto foram colocadas nas portas das lojas. A calmaria chamava a atenção: em pleno primeiro dia útil do mês, o movimento era grande de carros, saindo do centro comercial da cidade. O destino era o Centro de Velório Anjo da Guarda, no bairro Universitário.

Os dois salões do complexo ficaram pequenos para a multidão que se aglomerava. O último adeus aos policiais Joel e Antônio Filho era bastante concorrido. Era difícil chegar aos caixões, por entre as muitas pessoas que solidarizavam-se pelas mortes dos militares.

Os dois policiais eram primos. Joel, casado há cerca de cinco anos, deixa uma filha de aproximadamente dois anos de idade. Segundo familiares, Antônio Filho estava no último ano da faculdade de Administração Pública. “Ele estava organizando a festa de formatura, no fim do ano. Faltava apenas duas disciplinas e a monografia”, comentou um familiar do soldado.

A cerimônia de sepultamento deles ocorreu por volta das 18h, no Cemitério Público de Quixadá. Os caixões deixaram o Centro de velórios cada um em um carro do Corpo de Bombeiros Militar (CBM). A multidão aplaudiu a saída dos corpos, que foram conduzidos como heróis, por entre as ruas da cidade, no deslocamento até o cemitério.

Já o corpo do sargento Guanabara foi velado na residência do militar. Após o término das homenagens e sepultamento do cabo e do soldado, o caixão com a terceira vítima foi conduzido até o Cemitério Parque Nova Jerusalém. Ele também seguiu em um caminhão dos Bombeiros, com as mesmas honrarias dos outros dois colegas mortos.

A cerimônia teve início por volta das 19h e também contou com a presença de uma multidão, que lotou o cemitério. 

De acordo com a família, Guanabara estava prestes a ser reformado, isto é, ir para a Reserva da PM. Conforme o comandante do 9º Batalhão Policial Militar (9º BPM) tenente-coronel Ednardo Calixto, o sargento estava escalado para trabalhar naquela quinta-feira e também deveria prestar serviço na sexta-feira à noite. 

Folgaria o fim de semana e, na segunda-feira, daria início ao gozo das férias. No retorno, em agosto, deveria aposentar-se. O sargento deixou mulher e dois filhos, de 17 e 22 anos de idade.

Autoridades do município e representantes do Estado, como o secretário adjunto da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), coronel Lauro Carlos de Araújo Prado; a diretora da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, delegada Socorro Portela; o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Giovani Pinheiro; e o comandante do Ronda do Quarteirão, coronel Fernando Albano, estiveram nos velórios prestando apoio aos familiares das vítimas.

Ocorrência 

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), policiais da Força Tática de Apoio (FTA) receberam um chamado envolvendo um Chevrolet Ônix. Os ocupantes teriam feito um roubo e efetuados disparos de arma de fogo. No deslocamento para atender a ocorrência por uma estrada, se depararam com eles. Houve um primeiro confronto e os PMs pediram reforço. Na fuga, um outro grupo de bandidos colidiu de frente com uma viatura e atirou nos policiais, resultando em três mortos, um ferido e dois feitos reféns. Outras viaturas foram ao local socorrer os policiais e depararam-se com o Ônix que iniciou a ocorrência. Houve tiroteio e eles novamente fugiram.


Albano disse que o armamento utilizado pelos policiais na ocorrência estava correto e em dia. “O armamento era suficiente para esse tipo de enfrentamento. Apenas entendemos que os bandidos tinham um armamento de grosso calibre um pouco superior ao da PM. Mas temos um treinamento, uma tropa corajosa e que tem princípios táticos e técnicos capazes de enfrentar qualquer tipo de desafio”, disse.

Diário do Nordeste