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sexta-feira, 24 de junho de 2016

Dirigentes do PT em Quixadá e Senador Pompeu podem ser chamados a qualquer momento por Sérgio Moro


A Operação Lava Jato investiga um gigantesco esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras e políticos.

A imprensa nacional noticia que a operação já atinge de maneira dura o núcleo político dos investigados. Por causa disto, observadores analisam que as próximas etapas da operação poderão trazer surpresas aos quatro cantos do país.

Os municípios de Quixadá e Senador Pompeu, no Sertão Central do Ceará, poderão, a qualquer momento, ver ainda mais de perto os efeitos das medidas conduzidas pelo Ministério Público Federal, e sob a jurisdição do Juiz Sérgio Moro, em Curitiba.

ENTENDA

Ocorre que, em 2004, uma das empresas investigadas por ter pago propina ao PT – propina disfarçada como doação eleitoral -, a Camargo Corrêa, financiou parte da campanha do então candidato petista em Quixadá e atual dirigente do partido, Ilário Marques. Em valores corrigidos pelo Índice Geral de Preços do Mercado, com juros sugeridos de 1% ao mês, a doação de R$ 25.000,00 feita à campanha de Marques pela empresa investigada corresponderia, hoje, a mais de R$ 202.000,00.

O ex-prefeito de Senador Pompeu, Antônio Teixeira– também do Partido dos Trabalhadores – foi outro cuja campanha recebeu doações em dinheiro da empresa Camargo Corrêa. A doação de R$ 10.000,00 feita à campanha dele, corrigida do mesmo modo, corresponderia hoje a mais de R$ 80.000,00.
Não é possível dizer que nos dois casos a empresa tenha tido interesses na região, já que não possui nenhum investimento nela. Mas as doações às duas campanhas do PT no interior do Ceará são, de fato, esquisitas, para se dizer o mínimo, principalmente quando se sabe, depois de várias fases da Operação Lava Jato, que doações oficiais foram feitas ao PT nacional como propinas disfarçadas. Até hoje, os dirigentes petistas nos dois municípios nunca tentaram explicar as estranhas doações.



JUIZ SERGIO MORO E QUIXADÁ

O Juiz Sergio Moro condenou, ainda no ano passado, três executivos afastados da construtora Camargo Corrêa, a saber, Dalton Avancini, Eduardo Leite e João Ricardo Auler.

Agora, conforme expectativa criada em torno das próximas fases da operação, fases que miram o núcleo político dos investigados, há a de que os dirigentes partidários que aceitaram doações diretamente da construtora, poderão ser convocados para prestar esclarecimentos. Dá-se que este é exatamente o caso dos dirigentes do PT em Quixadá.


De fato, em 2004, estranho como isto pareça ser, a campanha do PT em Quixadá obteve colaboração financeira da Camargo Corrêa, assunto que, como já foi exposto, nunca foi exaustivamente explicado pelo diretório local.

Nos meses de maio e junho, o Monólitos Post manteve contato com a Força Tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, e indagou sobre as doações de empresa investigada, recebidas pelo PT em Quixadá e Senador Pompeu. A Força Tarefa assegurou ‘total interesse em apurar os fatos relativos a esta questão’. Disse, ademais, que “a Lava Jato representa um avanço no combate à corrupção, mas precisamos ir além dela se quisermos uma mudança real no cenário de corrupção sistemática e histórica que foi descoberto.”

INCERTEZAS GERADAS

A população de Quixadá já não tem certeza de que o PT apresentará o nome de Marques para a disputa deste ano. Ainda não é possível dizer se haverá necessidade, por exemplo, dele recorrer a liminares judiciais, já que possui condenação em órgão colegiado do judiciário. Há quem diga que o petista não poderá ser candidato de jeito nenhum.

Nos bastidores, diz-se que o PT já busca trabalhar outros nomes para o pleito. O vereador Higo Carlos estaria buscando arduamente ser uma opção para o partido, mas, pelo visto, Marques não tem pretensões de deixar que alguém de fora da sua família seja a opção do PT. Sua esposa, Rachel Marques, portanto, é o nome que o partido estaria trabalhando em função de uma eventual impossibilidade da candidatura do atual presidente do diretório local.

Realmente, Rachel tem sido uma presença constante nas atividades de pré-campanha do PT em Quixadá; inclusive, uma revista contendo o ex-prefeito e a deputada na capa foi recentemente retirada de circulação em Quixadá, por ordem da justiça, por representar campanha eleitoral antecipada.


Com a chamada do Juiz Sergio Moro podendo acontecer a qualquer momento, a situação fica ainda mais complicada para a sigla no principal município do Sertão Central cearense.

Monólitos Post