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domingo, 2 de agosto de 2015

10 anos depois agente da PF fala sobre investigação após furto ao Banco Central de Fortaleza


No mês em que o furto ao Banco Centro de Fortaleza completa dez anos, a Folha de S. Paulo traz entrevista com um dos agentes da Policia Federal que trabalhou nas investigações. Disfarçado, ele manteve um relacionamento amoroso com uma familiar do cearense Antonio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão. Tudo com objetivo de descobrir o paradeiros de um dos chefes do bando.

Leia abaixo trechos da entrevista com o policial federal e o texto completo no site da Folha.

Uma vez ouvi uma autoridade dizendo que o furto ao Banco Central tinha sido espetacular. Pode ter sido, mas dez vezes mais espetacular foi o trabalho dos agentes da Polícia Federal. Dá um livro. 

O furto aconteceu numa sexta-feira [5 de agosto de 2005] e só foi detectado na segunda [8]. Na terça-feira [9], uma equipe estava montada. 

Durante cerca de quatro ou cinco anos, se você me perguntasse qual era o nome do ladrão que roubou a padaria da esquina da minha casa, eu não saberia dizer, porque nesse período a gente só fez isso. Eu não chamaria de investigação. Chamaria de caçada. 

O José Marleúdo [de Almeida, que cumpre pena de 21 anos e seis meses], cunhado do Alemão [Antônio Jussivan Alves dos Santos, um dos chefes do bando], passou dois anos na mata, por exemplo. 

A gente o prendeu quando ele voltou para a civilização. Ele estava jogando sinuca num boteco de Mossoró (RN). A gente se aproximou, e eu o tratei pelo nome. Quando me identifiquei, ele desmaiou. 

Fizemos um trabalho muito silencioso. A maioria das prisões foi cirúrgica, como em Mossoró. Chegava todo mundo de bermuda, dava voz de prisão e ia embora. Talvez seja uma das explicações para o sucesso do trabalho. 

Dois criminosos que a gente nunca conseguiu pegar foram para a zona rural [hoje, são cinco foragidos]. Eles perceberam que os colegas estavam sendo pegos facilmente. Na zona rural é mais difícil porque eles conhecem o terreno mais do que a gente. 

Fizemos três incursões em dois anos para pegar um deles e perdemos as três. Por quê? Nesses lugares, as pessoas são muito simples. Eles arregimentam como informantes os vizinhos que são simpáticos e eliminam os que representam algum perigo. 

Se você pegar as estatísticas de homicídio sem autoria em Boa Viagem (CE), onde alguns se esconderam, vai ver que, especialmente em 2007, tem vários homicídios sem autoria na região. Não é à toa.