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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Sertanejo reza por chuva em açude seco


A fé move montanhas, une pessoas e, dependendo da intensidade, pode até fazer chover. Pensando e rezando, que moradores católicos do bairro da Palestina, na região urbana de Canindé, e recriam a velha tradição e rogam aos céus pedindo água para acabar com a seca dos rios, recuperar o volume dos reservatórios e garantir o abastecimento da cidade, em um terço com a participação de moradores do bairro em solo rachado do reservatório outrora responsável pelo abastecimento da cidade.

"Minha avó sempre fazia isso e me ensinou, na época da estiagem, a rezar para pedir chuvas. Sempre deu certo", disse Sérgio Mariano, agente comunitário que idealizou o terço na tarde de ontem.


Flávia, residente no distrito de Bonito, a 20 quilômetros do Centro de Canindé, também foi ao açude São Matheus pedir ajuda divina. Ela rezou baixinho durante toda a procissão, que começou ao lado do sangradouro e encerrou na galeria do reservatório". Ao mesmo tempo, integrantes do Terço, usavam rosários e imagens de São Francisco nas mãos, para pedir a Deus a bênção em forma de chuva.

"Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui para louvar e agradecer?", cantou um dos coordenadores do terço, o aposentado Francisco Assis Santos, de 71 anos. "Esta é uma tradição antiga do Nordeste. Estamos preocupados com a falta de água e, então, estamos rezando sempre que podemos", disse ele, ao lado de Maria Machado, de 67 anos.

Poucos minutos antes de começar o ritual, Sérgio Mariano lembrou da seca na nascente do Rio Canindé. "É um rio tão importante. Queira Deus que nada aconteça de mal e que as águas venham logo".

O açude São Matheus foi concluído em 1957 e secou pela primeira vez no dia 22 de novembro de 1997. Foi preciso muita reza para que ele voltasse a sangrar. Na tentativa de amenizar a angústia da escassez de água, os sertanejos oraram pela chuva.

"Clamamos nesse momento pela ajuda de Deus e protestamos pela ajuda do Governo. É um cenário devastador de miséria". Apesar da pouca água, mesmo em meio à lama e ao solo ressecado, o agricultor Sebastião Silva dos Santos ainda continua indo ao reservatório pescar. "O importante é que tem alguns peixes ainda. Melhor pegar logo. Venho quase todo dia, porque logo eles vão morrer todos. Aqui só tem lama. É melhor pescar para gente comer alguma coisa do que deixar que eles morram assim´´,disse.

O olhar de triste de dona Edileida Pinto Maciel, de 52 anos, denunciava o que ela nunca tinha visto na sua vida: o açude São Matheus agonizando. "É um sentimento de muita tristeza. Estou aqui para rezar e pedir muito a Deus e São Francisco que as chuvas cheguem logo para acabar com tudo isso", falou.

Fonte: Diário do Nordeste