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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Vereador do Rio Grande do Sul diz que ´negros já estão quase brancos´



Um vídeo gravado durante a sessão da Câmara Municipal de Rio Grande, na Região Sul do Rio Grande do Sul, mostra o vereador Wilson Batista Duarte, o Kanelão (PMDB), dando declarações racistas. Enquanto os parlamentares discutiam um projeto de lei, de autoria do Executivo, que prevê a reserva de 20% das vagas em concursos públicos municipais para negros e pardos, Kanelão declarou que "negros já estão quase brancos, saindo com loira, polaca e comendo em restaurantes".

"Hoje os negros já estão quase todos brancos. É uma mistura, é um negro querendo uma branca, um branco querendo uma negra. Ou com certeza é diferente? Ou tu não vê um negrinho com uma polaca?", disse.

Entidades ligadas à comunidade negra anunciaram nesta quarta-feira (13) que pretendem protocolar na Câmara um pedido de cassação do vereador. Kanelão, porém, negou ter sido racista. "Eu sou a favor da cota social, direitos iguais para brancos e negros. Eu sempre tive assessor negro. Estão me jogando contra a comunidade negra. No meu gabinete, os negros estão indo ao meu favor, querendo dar testemunho de que eu não sou racista", afirmou o vereador.


Para o assessor do Comitê de Direitos Humanos da Procuradoria-Geral do Estado, Gleidson Dias, que foi até Rio Grande discutir as declarações com lideranças negras, o discurso foi preconceituoso. "Não podemos admitir que o vereador utilize a Câmara de Vereadores para perpetuar, manifestar o seu racismo de forma tão ofensiva, tão nítida. Nós dizemos que foi mais uma chibatada, uma chibatada do século 21", avaliou.

A opinião é a mesma da coordenadora da Igualdade Racial da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do governo do estado, Eliane de Souza. "Assistimos à fita [com o vídeo da sessão] e nos chocou profundamente. Viemos reforçar o pedido de cassação do vereador, para que isso não se repita", disse ela.

O pedido de cassação será oficializado ainda esta semana, de acordo com as entidades. Caberá ao presidente da Câmara aceitar ou não a proposição. "O presidente tem o poder de decidir em um primeiro momento. Depois, o caso vai a julgamento no Plenário", detalhou o assessor jurídico da casa, Júlio Rodrigues. Kanelão está no seu sexto mandato como vereador.

Fonte: G1