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terça-feira, 6 de maio de 2014

Pacientes chegam a esperar, em média, 31 horas para serem atendidos no Hospital de Sáude Mental



A espera para conseguir uma vaga de internação em um leito psiquiátrico noHospital de Saúde Mental de Messejana(HSMM) pode durar 31 horas, segundo boletim divulgado mensalmente no site do HSMM. A Redação Web do Diário do Nordeste  esteve no local nesta terça-feira (6), e constatou que os pacientes aguardam o atendimento por muitas horas e até dias, segundo relato de testemunhas, na sala de espera da emergência do hospita
Em alguns casos, os portadores de transtornos mentais e seus acompanhantes dormem no pátio da única unidade psiquiátrica do Ceará. "Tem gente aqui que já está esperando há 7 dias nessa situação desumana. Nós não temos escolha, somos obrigados a dormir no chão e utilizar esses banheiros imundos", disse a cunhada de uma paciente, que não quis se identificar.
Segundo decisão proferida pela 6ª Vara da Justiça Federal em 2011, o tempo médio de espera por um leito no HSMM não pode ultrapassar as seis horas. Desde de julho de 2012, uma média do tempo de espera é divulgada mensalmente no site do hospital, segundo determinação da Justiça.
Desde então, todos os boletins apresentados pelo hospital desrespeitam o tempo máximo estipulado. Somente no mês de abril deste ano, pacientes esperaram mais de 31 horas pelo atendimento. Em janeiro, a média para o atendimento ultrapassou as 33 horas
O tempo necessário para o tratamento dos pacientes internados, que gira em torno de 30 dias, e o pequeno número de leitos do hospital, apenas 180 para atender a todo o Estado, ocasionam a pouca rotatividade das vagas para internação.
Lei proíbe ampliação do número de leitos
O diretor do HSMM, Marcelo Teófilo, reconhece o problema, mas diz que os leitos não podem ser ampliados devido à existência de uma lei estadual, de nº 12.151, que proíbe "a construção e ampliação de hospitais psiquiátricos, públicos ou privados, no território do Estado do Ceará", segundo trecho do artigo 1º da lei.
Para tentar aumentar a rotatividade de vagas para internação, o hospital está desenvolvendo, desde novembro do ano passado, um programa de atenção domiciliar. "Nós treinamos equipes para que os pacientes liberados da emergência possam ser acompanhados em casa e, dessa forma, os leitos fiquem livres mais rápido", explicou o diretor.
Ainda de acordo com Marcelo Teófilo, até o momento 23 pacientes estão recebendo as visitas da equipe semanalmente ou quinzenalmente, dependendo da necessidade de cada portador de transtorno mental.
Samu psiquiátrico enfrenta dificuldades
Um socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que preferiu não se identificar, disse à reportagem que além do problema da espera por leitos, o atendimento psiquiátrico no Estado sofre com a falta de ambulâncias e com veículos em situação inadequada.
No momento em que a reportagem esteve no hospital, uma ambulância chegou de Tauá, distante 337 quilômetros de Fortaleza, com um paciente amarrado com cordas."Imagina a situação do transporte desse paciente, dessa forma, durante todo esse percurso", lamentou o socorrista.
Na Capital cearense, existe apenas uma ambulância para o atendimento das emergências psiquiátricas da cidade. "Nós temos que buscar os pacientes em casa, lidar com a resistência deles, e em seguida trazê-los para o hospital. Recebemos inúmeros chamados, mas só conseguimos atender, no máximo, 6 por dia", comentou o socorrista.
Créditos Diário do Nordeste